OBJETIVO: Estimar a prevalência de ferimentos entre adolescentes, e examinar os fatores associados aos mesmos, como características sócio-demográficas, comportamentos de risco, relações familiares e outros fatores. MÉTODO: Foi estimada a prevalência do desfecho (ferimento) com intervalo de confiança de 95%. Para verificar fatores associados aos ferimentos, realizou-se análise bivariada com estimativas de razões de chance (OR) com seus respectivos intervalos de confiança, e realizada analise multivariada, permanecendo no modelo variáveis aquelas com nível descritivo igual ou inferior a 5% (p < 0,05). RESULTADOS: O estudo de ferimentos em adolescentes, feito a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde dos Escolares (PeNSE), apontou que 10,3% dos adolescentes sofreram lesões graves nos últimos 12 meses, como cortes ou perfurações, ossos quebrados ou juntas deslocadas. Permaneceram independentemente associadas a "sofrer ferimentos graves" as variáveis: ser adolescente do sexo masculino; pertencer à raça/cor preta, parda, ou indígena e trabalhar. Fatores familiares têm força quando os laços são frágeis entre os membros: os adolescentes que mais se ferem são os que sofrem agressões em casa, faltam às aulas sem avisar aos pais, não moram com os pais e têm baixa supervisão familiar. Os aspectos mais relevantes da saúde mental são sofrer insônia e solidão. Os fatores associados à exposição a situações de violência que permaneceram no modelo foram: insegurança na escola e no trajeto casa-escola; ser conduzido por alguém alcoolizado; dirigir veículo motorizado; não usar cinto de segurança; não usar capacete na moto e sofrer bullying. Dentre os fatores de risco de comportamento individual, destacam-se: uso de álcool; uso de cigarro; experimentação de drogas ilícitas e ter relação sexual precoce. CONCLUSÃO: A análise dos fatores determinantes da ocorrência de ferimentos na infância e adolescência mostra a complexa relação dos fatores associados, apontando para a necessidade de atuação em várias frentes para a redução das desigualdades sociais, para o fortalecimento de laços familiares e para a prevenção dos contextos de violência e dos fatores de risco individuais.
OBJECTIVE: To estimate the prevalence of injuries among teenagers and to examine the associated risk factors, such as sociodemographic characteristics, risk behaviors, family ties and other factors. METHOD: The prevalence of the outcome (injury) was estimated with a 95%confidence interval. In order to verify factors associated with the injury, a bivariate analysis was made with estimated odds ratio (OR) and its respective confidence intervals. Then, a multivariate analysis was carried out, only with variables whose descriptive level was equal to or lower than 5% (p < 0.05) remaining in the model. RESULTS: The study of injury in adolescents, based on the data from the National Adolescent School-based Health Survey (PeNSE), pointed out that 10.3% of the teenagers suffered severe injuries in the past 12 months, such as cuts or perforations, broken bones or dislocated joints. The following variables remained independently associated with "suffering severe injuries": being a male teenager; black, mulatto or indigenous race/color and working. Factors related to family ties are significant when the relations are fragile amongst members: adolescents that are injured the most are the ones who suffer most aggressions at home, who skip classes without notifying their parents, those who do not live with their parents and have low family control. The most relevant aspects of mental health are insomnia and loneliness. The factors associated to the exposure to situations of violence that remained in the model were: insecurity in school and in the route home-school; getting a ride with someone inebriated; drinking and driving motorized vehicles; not wearing the seatbelt; not wearing a helmet and being bullied. Among the factors of individual behavior, the following can be emphasized: use of alcohol, cigarettes, trying illicit drugs and early sexual intercourse. CONCLUSION: The analysis of the determinants for suffering injuries in childhood and adolescence shows the complex relationship between associated factors, which points to the need for action towards several aspects to reduce social inequalities, strengthen family ties and prevent violent contexts and individual risk factors.