Resumo Desde seu entendimento como ausência de doença, bem-estar, até direito humano, o conceito saúde indígena, na literatura acadêmica, apresenta-se empobrecido de questões que dizem respeito à vida nas aldeias indígenas. São reduzidas as publicações no Ceará, sendo a maior parte, principalmente, de pesquisadores da Antropologia e da História que trabalham com questões sobre territorialização, etnicidade e espiritualidade. Desse modo iniciou-se, em 2008, em uma universidade do Estado do Ceará, um projeto sobre “Saúde Intercultural”, em três etapas, que prosseguiu de 2015 a 2017, com o desenvolvimento de uma tese de doutorado, com o objetivo de provocar uma cartografia dos modos de saúde potyguara em Monsenhor Tabosa, para deslocar a maneira de percebermos a saúde com arte, política e ética na área da Saúde Coletiva. As danças, os cantos, os gritos, o segredo das rezas, o uso das tecnologias são produções que criam rachaduras e desestabilizam as compreensões que temos de saúde, política e estética. As ações políticas indígenas possuem aberturas às inovações, e os potyguara têm possibilitado deslocamentos no que vem sendo reiterado e reificado como saúde indígena através da literatura acadêmica, trazendo novas estéticas que assumem a saúde como produção de vida.
Abstract The concept of indigenous health in the academic literature, from its understanding as an absence of disease, well-being, and a human right, is impoverished by questions concerning life in indigenous villages. The publications in Ceará state, Brazil, are reduced, most of them mainly by researchers of Anthropology and History who work on issues of territorialization, ethnicity and spirituality. In 2008, a project on "Intercultural Health" in three stages, which continued from 2015 to 2017, started at a university in the state of Ceará, with the development of a doctoral thesis, with the aim of provoking a mapping of potyguara health ways in Monsenhor Tabosa, to displace the way we perceive health with art, politics and ethics in the area of Collective Health. The dances, songs, cries, secrets of the prayers, use of the technologies are productions that create cracks and destabilize the understandings that we have about health, politics and aesthetics. Indigenous political actions are open to innovations, and potyguara have made displacements in what has been reiterated and reified as indigenous health through academic literature, bringing new aesthetics that assume health as a production of life.