RESUMO OBJETIVO: Evidências indicam que pacientes com transtornos mentais têm elevada prevalência de infecções sexualmente transmissíveis, mas dados brasileiros são escassos. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência do HIV, hepatites C e B, e sífilis entre pacientes com transtornos mentais no Brasil. MÉTODO: Uma amostra representativa de pacientes adultos com transtornos mentais foi aleatoriamente selecionada de instituições públicas de saúde mental no Brasil. Dados sociodemográficos, comportamentais e clínicos foram obtidos por entrevista face-a-face e sangue foi coletado para exames sorológicos. Soroprevalências com intervalo de 95% de confiança foram obtidas com correção para o esquema amostral. RESULTADOS: Dos 2.475 pacientes entrevistados, 2.238 tiveram sangue coletado. A maioria era sexualmente ativa ao longo da vida (88,8%) ou nos últimos seis meses (61,4%), do gênero feminino (51,9%), solteira (66,6%), com metade dos participantes com menos de cinco anos de escolaridade e renda média mensal baixa individual (US$210). Uso de preservativo foi baixo em toda a vida (8%) ou nos últimos seis (16%). As soroprevalências gerais foram 1,12%, 0,80%, 1,64%, 14,7% e 2,63% para, respectivamente, sífilis, HIV, HBsAg, anti-HBc e anti-HCV. CONCLUSÕES: As soroprevalências encontradas são maiores do que outros estudos com populações representativas no Brasil, com altos índices de comportamento sexual de risco. Isto é preocupante e estratégias de prevenção e cuidado para as infecções sexualmente transmissíveis entre pacientes psiquiátricos devem ser urgentemente implementadas pelos serviços de saúde.
ABSTRACT OBJECTIVE: There is evidence that patients with mental illness have increased prevalence of sexually transmitted infections, but data in Brazil are scarce. The objective of this study was to determine the prevalence of HIV, hepatitis C and B, and syphilis among patients with mental illness in Brazil. METHOD: A multicenter representative sample of adults with mental illness was randomly selected from 26 mental health institutions throughout Brazil. Sociodemographic, sexual behavior and clinical data were obtained from person-to-person interviews and blood was collected for serology testing. Seroprevalence with 95% confidence limits were obtained correcting for sampling scheme. RESULTS: Of the 2,475 patients interviewed, 2,238 had blood collected. Most participants were sexually active ever (88.8%) or in the last 6 months (61.6%), female (51.9%), and single (66.6%). Half of the sample had less than 5 years of schooling and the mean monthly individual income was low (US$ 210.00). Condom use was very low either during lifetime (8%) or in the last 6 months (16%). Overall seroprevalence were 1.12%, 0.80%, 1.64%, 14.7% and 2.63% for, respectively, syphilis, HIV, HBsAg, anti-HBc and anti-HCV. CONCLUSIONS: Seroprevalences found were higher than other populations with representative studies in Brazil, with high rates of sexual risk behavior. This is of public health concern, and prevention and care strategies for sexually transmitted infections among psychiatric patients should urgently be implemented by health authorities.