RESUMO A educação interprofissional é uma importante ferramenta para o desenvolvimento das competências colaborativas na formação de estudantes na área da saúde, com experiências ainda escassas no Brasil. Essa dificuldade de implementação deve-se principalmente a resistências institucionais, de professores e estudantes, a entraves curriculares e ao corporativismo das profissões. Por isso, destaca-se a importância deste artigo em compartilhar uma experiência de educação interprofissional, em que se buscou avaliar a disponibilidade para aprendizagem interprofissional de estudantes do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Para tanto, realizou-se um estudo transversal, observacional, descritivo e de abordagem quantitativa. A amostra foi uma casuística de 770 estudantes dos cursos de Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Odontologia, Medicina, Nutrição, Psicologia e Terapia Ocupacional que estavam no primeiro, na metade e nos últimos semestres. Foi aplicado o questionário Readiness Interprofessional Learning Scale (RIPLS), versão adaptada ao português, validada para cursos de graduação. Por meio do programa Epidata 3.1, construiu-se um banco de dados, com a validação de dupla digitação. O banco de dados foi exportado para o programa Stata 12.0, em que se realizou a análise dos dados. Para análise da diferença estatística significante, calculou-se o teste t e Anova para a diferença de médias e Qui-Quadrado para a concordância das assertivas isoladamente, considerando o nível de significância de 5%. Da amostra, participaram 186 (24,2%) homens e 584 (75,8%) mulheres. Houve significância estatística (p-valor = 0,0082) em relação à média superior das mulheres (109,27) em desenvolver competências colaborativas em comparação aos homens (107,5). Também foi observado um decréscimo do escore de competências colaborativas com o aumento do grupo etário, pois no grupo de 16-20 anos a média foi de 110, e nos grupos de 21-25 e acima de 26 anos foi de 108,2 (p-valor = 0,016). A média geral de desenvolvimento de competências colaborativas de todos os participantes da pesquisa foi de 108,8, não havendo diferença significativa por curso (p-valor = 0,947). Ainda foi analisado que os alunos concluintes possuem menor potencial para desenvolver competências colaborativas (107,93) do que os intermediários (108,7) e ingressantes (110,3) (p-valor = 0,0052). O estudo aponta que os estudantes ingressantes apresentaram alta disponibilidade para a educação interprofissional, tornando propício que, no início da vida acadêmica, as habilidades de trabalho em equipe e colaboração, identidade profissional e atenção centrada no paciente sejam fortalecidas nos currículos sem apresentar resistência do estudante, sendo importante desenvolver essas ações até o final do curso.
ABSTRACT Interprofessional learning is an important tool in the development of collaborative competences among health sciences students. We believe the following study is highly relevant due to the fact that experience in this concept has been limited in Brazil, particularly due to resistance from institutions, teachers, and students, also hampered as it is by bureaucratic obstacles and professional corporatism. Using cross-sectional, descriptive, quantitative, and observational methodology, we evaluated the readiness for interprofessional learning among health sciences students at the University of Fortaleza in northeastern Brazil. With the sample consisting of 770 nursing, physical education, pharmacy, physical therapy, speech therapy, dentistry, nutrition, psychology, medicine, and occupational therapy students in their early, middle and late semesters, information was collected by means of the Readiness for Interprofessional Learning Scale Questionnaire translated into Portuguese and validated for undergraduate students. A database was built with the Epidata 3.1 software, using two-pass verification and exported to Stata 12.0 for analysis. Differences in scores were analyzed with the t test and Anova, while agreement between statements was evaluated with the chi-square test. The level of statistical significance was set at 5% (p < 0.05). The participants included 186 men (24.2%) and 584 women (75.8%). On average, women scored significantly better (109.27) than men (107.5) with regard to the development of collaborative competences (p = 0.0082). The overall average score was 108.8, with no significant difference between courses (p = 0.947). Average scores, did, however, not only decrease with age (16-20 years = 110; 21-25 years and >26 years = 108.2) (p = 0.016), but also according to length of attendance (early semesters = 110.3; middle semesters = 108.7; late semesters = 107.93) (p = 0.0052). The readiness for interprofessional learning displayed by students in their early semesters shows that the concepts of team work/collaboration, professional identity, and patient-centered care may be strengthened in the early semesters of the curriculum without encountering significant resistance on the part of the students, suggesting such practices should be encouraged throughout the entire course.