RESUMO Objetivo: Compreender a percepção dos profissionais acerca do uso de fígado de doadores falecidos para transplante e os motivos para sua recusa, além de propor estratégias para ampliar sua utilização com segurança. Métodos: Estudo do tipo transversal, descritivo qualiquantitativo.Profissionais que trabalhavam com transplante hepático responderam a um questionário autoaplicável, estruturado e eletrônico, composto de 17 questões distribuídas em quatro seções (fatores demográficos, percepção sobre a utilização dos órgãos, razões para o descarte e medidas para favorecer sua utilização). Resultados: Participaram do estudo 42 profissionais. A taxa de utilização dos órgãos foi considerada baixa por 71,43% (n=30) dos respondentes ou muito baixa por 19,05% (n=8). Todos concordaram que era possível aumentá-la. Trinta e um (73,81%) participantes acreditavam que a expansão da população de doadores de critérios estendidos impacta negativamente nesse índice. Condições relacionadas ao doador foi a categoria mais frequente de razões para a recusa de um fígado para transplante, sendo os achados durante a cirurgia de extração o motivo mais frequente na prática clínica. O melhor treinamento das equipes da terapia intensiva nos cuidados com os doadores foi a principal medida selecionada para favorecer a utilização dos órgãos, seguido pelo investimento em novas tecnologias para otimizar sua preservação/avaliar sua função antes do transplante. Conclusão: A efetivação de estratégias para aumentar a taxa de aceite de fígados de doadores é aguardada. Melhorias no cuidado intensivo do doador e a implementação de novas tecnologias de preservação devem favorecer a utilização desses órgãos.
ABSTRACT Objective: To understand the professionals´ perception of the use of deceased donor liver for transplantation, the reasons to decline them, and propose strategies to increase their use safely. Methods: This is a cross-sectional, descriptive qualitative-quantitative study. Professionals working with liver transplantation answered a self-administered, structured, and electronic questionnaire comprising 17 questions distributed into four sessions (demographic factors, perception of use of organs, reasons for disposal, and measures to favor their usage). Results: A total of 42 professionals participated in the study. The rate of use of organs was considered low by 71.43% (n=30) of respondents or very low by 19.05% (n=8). Everyone agreed that it was possible to increase it. Thirty-one (73.81%) participants believed the expansion of the population of extended criteria donors affected this index negatively. Donor-related conditions were the most frequent category of reasons for refusing a liver for transplantation, being the findings during organ retrieval the most frequent reason in clinical practice. Enhanced training of intensive care teams in the treatment of donors was the primary measure selected to favor the use of the organs, followed by investment in new technologies to optimize its preservation/evaluate its function before transplantation. Conclusion: Implementation of strategies to increase the rate of acceptance of livers is expected. Improvements in donor intensive care and implementation of new preservation technologies should favor the use of the organs.