Resumo O uso de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) por profissionais da atenção primária vem crescendo, apesar do baixo investimento e da formação escassa. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo compreender os motivos pelos quais esses profissionais utilizam PICS no cuidado ao usuário. Para tanto, foi realizado um estudo qualitativo com entrevistas não estruturadas com profissionais de Recife-PE, a partir de abordagem metodológica hermenêutica. As observações obtidas partem da análise feita em três fases de interpretação: ordenação dos dados, classificação dos dados e análise final e releitura do material. Dentre as motivações encontradas para o uso das PICS, as experiências pessoais e familiares aparecem como um dos primeiros contatos dos entrevistados com as PICS. Outro fator importante são os espaços promovidos pela gestão na formação profissional; entretanto, o investimento financeiro nacional mostra-se falho, o que ameaça a continuidade e expansão dessas iniciativas públicas de gestão local. Um terceiro motivo é referente aos resultados com os usuários, pois promove o autocuidado, melhora a comunicação do profissional e proporciona tratamentos não medicamentosos. O conjunto de experiências vivenciadas pelas entrevistadas, somado ao acesso a formações que impulsionaram a ampliação de conhecimento sobre PICS e sua utilização na atenção primária, foram os fatores motivacionais encontrados em destaque.
Abstract Primary care professionals' use of Integrative and Complementary Health Practices (PICS) is growing despite the low investment and lack of specialized training availability. Therefore, this research aims to understand these professionals' motivations for using PICS in primary care. A qualitative study was conducted with non-structured interviews with professionals from Recife-PE, based on a hermeneutics methodological approach. The observations obtained are based on the analysis carried out in three phases: data ordering, data classification, and final analysis and material review. Among the motivations found, positive personal and family experiences appear, as it is one of the first contacts of interviewees with PICS. Another important factor is the promotion of training by public health management for professionals. However, once the national financial investment proves to be flawed, it threatens the continuous offer and expansion of such training by local health managers. A third reason is patients' results, as PICS promotes self-care, improves professional communication, and provides non-drug treatments. The set of experiences lived by the interviewees, added to the access to training that boosted the expansion of knowledge about PICS and its use in primary care, were the motivational factors found to be highlighted.