OBJETIVO: Analisar a adequação dos encaminhamentos da atenção primária para a secundária em otorrinolaringologia pediátrica. MÉTODOS: Estudo realizado em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, de março de 2004 a maio de 2005. Foram avaliadas 408 crianças pré-escolares encaminhadas da atenção primária para a secundária do setor de otorrinolaringologia com otite, faringoamigdalite, rinossinusite, rinite alérgica e hipertrofia de amígdala/adenóide. As variáveis analisadas foram: concordância dos diagnósticos na atenção primária e secundária, tempo de espera pela consulta, acompanhamento e especialista (médico de família ou pediatra) que examinou a criança na atenção primária. A concordância dos diagnósticos foi avaliada pela análise estatística de kappa. RESULTADOS: Os pacientes tinham em média cinco anos de idade, dos quais 214 (52,5%) eram meninos, o tempo médio de espera pela consulta foi de 3,7 meses. Os diagnósticos na atenção primária e secundária foram, respectivamente: otite (44%, 49%), hipertrofia de amígdala/adenóide (22%, 33%), faringoamigdalite (18%, 23%), rinossunusite (13%, 21%), rinite alérgica (3%, 33%). Análise de concordância kappa foi 0,15 para otite com efusão, 0,35 para otite recorrente, 0,04 para hipertrofia de amígdala/adenóide, 0,43 para faringoamigdalite, 0,05 para rinite alérgica; 0,2 para rinossinusite. Os diagnósticos na atenção primária para encaminhamento à secundária, definidos pelo médico de família ou pelo pediatra que avaliou a criança foram concordantes. CONCLUSÕES: A inadequação dos encaminhamentos da atenção primária para a secundária em otorrinolaringologia foi expressa pelo longo tempo de espera pela consulta e pela baixa concordância de diagnósticos firmados entre os níveis de atenção para os mesmos pacientes avaliados. A atenção primária poderia se tornar mais eficiente se os profissionais fossem mais bem capacitados em otorrinolaringologia.
OBJECTIVE: To assess the suitability of referral from primary to secondary care in pediatric Otolaryngology. METHODS: The study was performed in the city of Belo Horizonte, in the state of Minas Gerais, from March 2004 to May 2005. A total of 408 pre-school children referred from primary care to secondary care in the department of Otolaryngology presenting with otitis, tonsillitis, sinusitis, allergic rhinitis, and tonsillar/adenoidal hypertrophy was assessed. The studied variables were: agreement between diagnoses in primary and secondary care; waiting time for doctor's appointment; follow-up, and professional (pediatrician or family physician) that examined children in primary care. Agreement of diagnoses was assessed using kappa statistics. RESULTS: Patients were five years old on average, 214 (52.5%) were boys, mean waiting time for appointment was 3.7 months. Diagnoses in primary and secondary care were respectively: otitis (44%, 49%), tonsillar/adenoidal hypertrophy (22%, 33%), tonsillitis (18%, 23%), sinusitis (13%, 21%), allergic rhinitis (3%, 33%). Agreement analysis of kappa was 0.15 for otitis with effusion, 0.35 for recurrent otitis, 0.04 for tonsillar/adenoidal hypertrophy, 0.43 for tonsillitis, 0.05 for allergic rhinitis, and 0.2 for sinusitis. Diagnoses in primary care referred to secondary care were in agreement when given either by pediatrician or family physician. CONCLUSIONS: Unsuitability of referrals from primary to secondary care in otolaryngology was expressed by the long time waiting for appointments and by the low agreement between diagnoses in different level of care for the same patients. Primary health care could be more efficient if professionals were better qualified in Otolaryngology.