RESUMO OBJETIVO Determinar o impacto do entorno físico e social da vizinhança, que se apresentam como facilitadores ou barreiras, para a participação social de adultos mais velhos brasileiros. MÉTODOS O estudo foi conduzido em amostra probabilística representativa da população brasileira, residente em áreas urbanas, com 50 anos ou mais de idade (n = 7.935). A variável resposta foi participação social, definida a partir de duas perguntas sobre atividades realizadas com outras pessoas: visitou seus amigos ou familiares em suas casas nos últimos 12 meses (sim, não); saiu com outras pessoas para lugares públicos, como restaurante, cinema, clube, praça, nos últimos 12 meses (sim, não). As variáveis explicativas incluíram medo de cair por causa de defeitos nos passeios, preocupação com a dificuldade de subir em ônibus, metrô ou trem, dificuldade em atravessar a rua e percepção de violência na vizinhança. As potenciais variáveis de confusão incluíram faixa etária, situação conjugal, escolaridade, autoavaliação da saúde, residência em rua asfaltada ou pavimentada, tempo de moradia no município e escore de indicador de posição socioeconômica. Razões de prevalência e respectivos intervalos de confiança foram estimados por meio da regressão de Poisson. RESULTADO A dificuldade em atravessar a rua apresentou associação independente com a restrição para participação social (RP = 0,95; IC95% 0,93–0,98), tanto entre as mulheres (RP = 0,96; IC95% 0,92–0,99) quanto entre os homens (RP = 0,94; IC95% 0,90–0,99). A preocupação com a dificuldade de subir em ônibus, metrô ou trem apresentou associação com o desfecho somente entre os homens (RP = 0,95; IC95% 0,91–0,99). O medo de cair por causa de defeitos nos passeios e a percepção de violência na vizinhança não foram associados à participação social. CONCLUSÕES Características urbanas que ocasionam dificuldade em atravessar a rua e a acessibilidade ao transporte público podem ser inferidas como importantes barreiras para a participação social de adultos mais velhos brasileiros.
ABSTRACT OBJECTIVE To determine the impact of the physical and social surroundings of the neighborhood, which are presented as facilitators or barriers for the social participation of Brazilian older adults. METHODS The study was conducted in a probabilistic representative sample of the Brazilian population aged 50 years and older and who lived in urban areas (n = 7,935). The response variable was social participation, which was defined from two questions about activities performed with other persons: visited friends or relatives in their homes in the last 12 months (yes, no); went out with other persons to public places, such as restaurant, movies, club, park, in the last 12 months (yes, no). The explanatory variables included fear of falling because of defects in sidewalks, concern about the difficulty to get on a bus, subway, or train, difficulty to cross streets, and perception of violence in the neighborhood. Potential confounding variables included age, marital status, education level, self-rated health, living in an asphalted or paved street, time living in the municipality, and socioeconomic position score. Prevalence ratios and respective confidence intervals were estimated using Poisson regression. RESULT Difficulty to cross streets presented an independent association with restricted social participation (PR = 0.95; 95%CI 0.93–0.98) among both women (PR = 0.96; 95%CI 0.92–0.99) and men (PR = 0.94; 95%CI 0.90–0.99). Concern about the difficulty to get on a bus, subway, or train was associated with the outcome only among men (PR = 0.95; 95%CI 0.91–0.99). The fear of falling because of defects in sidewalks and the perception of violence in the neighborhood were not associated with social participation. CONCLUSIONS Urban characteristics that hinder the crossing of streets and accessibility to public transport can be inferred as important barriers for the social participation of Brazilian older adults.