OBJETIVO: Descrever a vulnerabilidade, de caminhoneiros de rota curta, à transmissão sexual do HIV e da Aids. MÉTODOS: Foram entrevistados 279 caminhoneiros com vínculo de trabalho na cidade de Santos, SP, em locais de concentração na área portuária e suas proximidades, sindicatos e associações, recrutados pela amostragem do tipo "bola-de-neve". Foram realizadas entrevistas utilizando perguntas abertas e fechadas sobre questões sociodemográficas, práticas sexuais, uso de drogas, conhecimento sobre o HIV e a Aids, contato prévio com programas de prevenção à Aids em Santos, percepção de sua vulnerabilidade ao HIV e à Aids. Foi realizada análise descritiva da amostra, e apresentados relatos para ilustrar algumas situações de vulnerabilidade. RESULTADOS: Do total de 279 caminhoneiros entrevistados, 93% declararam ter parceira fixa, 40% referiram manter relações sexuais com parceiras casuais, e 19% referiram manter relações sexuais com parceiras freqüentes. A principal situação de vulnerabilidade ao HIV ocorre devido ao uso inconsistente do preservativo, interligado ao vínculo estabelecido com cada parceira. O tempo fora de casa parece não ser o principal fator para situações de vulnerabilidade, conforme demonstram estudos com caminhoneiros de rota longa. CONCLUSÕES: A cultura "machista" e os papéis tradicionais masculinos são emblemáticos entre os caminhoneiros de rota curta. Certamente é necessário investir mais na prevenção nessa categoria profissional. A prevenção em locais de trabalho parece promissora, pois permite entender melhor seu universo, propiciando intervenções educativas adequadas a essa categoria profissional.
OBJECTIVE: To describe the vulnerability to sexually transmitted HIV/AIDS of short distance truck drivers. METHODS: Using a snowball sampling procedure, 279 truck drivers working in the port area and vicinities, unions and workers' associations of Santos, Brazil, were selected and interviewed. Face-to-face interviews were carried out using open and closed questions covered demographic characteristics, sexual practices, drug use, knowledge of HIV and AIDS, previous contact with HIV prevention programs, and perception of their vulnerability to HIV and Aids. A descriptive analysis was carried out and reports are presented to illustrate some scenarios of vulnerability. RESULTS: Of all 279 truck drivers interviewed, 93% had a stable female partner, 40% engaged in casual sexual with female partners, and 19% said to have sex with other regular partners. Vulnerability to HIV is increased by inconsistent condom use in all categories of sexual partners. Long periods away from home seem not to be the only factor for their vulnerability to HIV as seen in studies on long distance truck drivers. CONCLUSIONS: The macho culture and traditional male behaviors are prominently seen among truck drivers. There is a need of investing more on prevention in this professional group. Prevention programs at the work environment seem to be a promising strategy, since it allows a better understanding of the workers' setting and development of customized educational interventions.