CONTEXTO E OBJETIVO: Reações adversas a drogas são um problema significativo em pacientes sob terapia antiretroviral (TARV). Determinamos a freqüência de valores elevados de enzimas hepáticas em um grupo de crianças e adolescentes infectados pelo HIV sob TARV e os fatores de risco associados. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal, realizado na Divisão de Imunodeficiência em Pediatria, Hospital das Clínicas, Universidade Estadual de Campinas. MÉTODOS: Foram analisados prontuários médicos de 152 crianças e adolescentes (54,6% masculino) infectados pelo HIV sob TARV, com dosagens de enzimas hepáticas, em média, 2,6 exames por paciente. A mediana de idade foi 7,48 anos. Clinicamente os pacientes foram classificados nas categorias N (6), A (29), B (78) e C (39). Foram avaliados os níveis séricos de aspartato aminotransferase e alanina aminotransferase. O sistema de escore da hepatotoxicidade foi: grau 1 (1,1 a 4,9 x• limite superior ao normal, i.e., LSN), grau 2 (5,0 - 9,9 x LSN), grau 3 (10,0 - 15,0 x •LSN) e grau 4 (>15,0 x •LSN). Para determinar os fatores de risco de hepatotoxicidade, foram avaliados odds ratio (OR) e odds ratio ajustado (aOR) para idade, gênero, contagem de linfócitos TCD4+ e uso de medicações. RESULTADOS: Observamos hepatotoxicidade grau 1 em 19,7% (30/152) pacientes. Não foi detectada hepatotoxicidade grau 2, 3 ou 4. Houve uma associação significativa entre a hepatotoxicidade e uso de sulfas (OR, 3,61; IC 95%, 1,50 -8,70; ORajustado, 3,58; IC 95%, 1,44 - 8,85) e agentes antituberculose (OR, 9,23; IC 95%, 1,60 - 53,08; ORajustado, 9,05, IC 95%, 1,48 - 55,25), mas não estava associada com TARV. CONCLUSÃO: Um quinto dos pacientes apresentaram hepatotoxicidade leve, atribuída ao uso de agentes antituberculose e sulfas. Nossos resultados sugerem que TARV foi bem tolerada.
CONTEXT AND OBJECTIVE: Adverse drug reactions are a significant problem in patients on antiretroviral therapy (ART). We determined liver enzyme elevation frequencies in HIV-infected children and adolescents receiving ART, and their association with risk factors. DESIGN AND SETTING: Cross-sectional study, at the Pediatrics Immunodeficiency Division, University Hospital, Universidade Estadual de Campinas. METHODS: Medical records of 152 children and adolescents (54.6% male; median age 7.48 years) were analyzed, with a mean of 2.6 liver enzyme determinations per patient. Clinically, patients were classified in categories N (6), A (29), B (78) and C (39). Serum levels of aspartate aminotransferase and alanine aminotransferase were evaluated. Hepatotoxicity was scored as grade 1 (1.1-4.9 times upper limit of normality, ULN), grade 2 (5.0-9.9 times ULN), grade 3 (10.0-15.0 times ULN) and grade 4 (> 15.0 times ULN). To assess hepatotoxicity risk factors, odds ratios (OR) and adjusted odds ratios (aOR) for age, gender, TCD4+ cell count, viral load and medication usage were calculated. RESULTS: We observed grade 1 hepatotoxicity in 19.7 % (30/152) patients. No cases of grade 2, 3 or 4 were detected. There was a significant association between hepatotoxicity and use of sulfonamides (OR, 3.61; 95% confidence interval (CI), 1.50-8.70; aOR, 3.58; 95% CI, 1.44-8.85) and antituberculous agents (OR, 9.23; 95% CI, 1.60-53.08; aOR, 9.05; 95% CI, 1.48-55.25). No toxicity was associated with ART. CONCLUSIONS: One fifth of patients experienced mild hepatotoxicity, attributed to antituberculous agents and sulfonamides. Our results suggest that ART was well tolerated.