Os dermatófitos são os fungos mais comumente associados às micoses superficiais em animais e homem. O estado de portador assintomático do gato doméstico o caracteriza como importante fonte de infecção, entretanto, até então, tal aspecto não foi pesquisado em relação a seus parentes selvagens. O objetivo desta pesquisa foi determinar a presença de dermatófitos no pelame de felídeos selvagens sadios, mantidos em cativeiro na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. A amostragem foi constituída de 130 animais adultos de ambos os sexos, sendo 25 leões (Panthera leo), 12 tigres (Panthera tigris), 6 onças-pintadas (Panthera onca), 4 leopardos (Panthera pardus), 2 leopardos-das-neves (Panthera uncia), 2 suçuaranas (Puma concolor), 2 guepardos (Acinonyx jubatus), 1 jaguatirica (Leopardus pardalis), 28 gatos-do-mato-pequenos (Leopardus tigrinus), 10 gatos-maracajás (Leopardus wiedii), 8 gatos-do-mato-grandes (Leopardus geoffroyi), 22 gatos-mouriscos (Herpaylurus yaguaroundii) e 8 gatos-palheiros (Oncifelis colocolo). As amostras foram obtidas a partir da fricção de quadrados de carpete estéreis no pelame dos animais. Os carpetes foram então semeados em placas de Petri contendo ágar Mycobiotic (Difco®) e incubadas a 25°C por 4 semanas. As colônias obtidas foram repicadas em tubos contendo ágar Sabouraud dextrose com cloranfenicol (100mg/L) e submetidas a microcultivo em lâmina, para posterior identificação através de suas características macro e microscópicas. Microsporum gypseum foi isolado de duas leoas (1,6%) aparentemente saudáveis, ambas mantidas em terrários. Os contaminantes mais prevalentes foram dos gêneros Penicillium (27,9%); Cladosporium (24,5%); Acremonium (12,1%); Scopulariopsis e Chrysosporium (9,8%); e Aspergillus (5,3%). A ocorrência de dermatófitos no pelame de felídeos selvagens sadios, mantidos em cativeiro, confirma seu estado de portador assintomático e os caracteriza como fontes de infecção para outros animais e para os seres humanos.
Dermatophytes are fungi that cause superficial mycoses in animals and humans. While studies have shown that domestic cats (Felis catus) are often asymptomatic carriers of dermatophytes, and thus a significant source of infection, this aspect has not been studied in relation to their wild relatives. The present study was aimed at determining the presence of dermatophytes on the haircoat of healthy wild felids, kept in captivity at "Fundação Parque Zoológico de São Paulo". Samples were taken from 130 adult animals of both sexes: 25 lions (Panthera leo), 12 tigers (Panthera tigris), 6 jaguars (Panthera onca), 4 leopards (Panthera pardus), 2 snow leopards (Panthera uncia), 2 pumas (Puma concolor), 2 cheetahs (Acinonyx jubatus), 1 ocelot (Leopardus pardalis), 28 tiger cats (Leopardus tigrinus), 10 margays (Leopardus wiedii), 8 geoffroy's cats (Leopardus geoffroyi), 22 jaguarundis (Herpailurus yagouaroundi) and 8 pampas cats (Oncifelis colocolo). The samples were obtained by rubbing the haircoat of the animals with squares of sterile carpet, and then seeded onto Petri dishes containing Mycobiotic agar (Difco™). The plates were incubated at 25°C for 4 weeks. The isolates were subcultured in Sabouraud dextrose agar supplemented with chloramphenicol (100mg/L) and cultured on slides for posterior identification by their macro- and microscopic characteristics. Microsporum gypseum was isolated from two apparently healthy lionesses (1.6%), both kept in terrariums. The most prevalent contaminants were of the genera Penicillium (27.9%); Cladosporium (24.5%); Acremonium (12.1%); Scopulariopsis and Chrysosporium (9.8%); and Aspergillus (5.3%). The occurrence of dermatophytes in the haircoat of healthy wild felids, maintained in captivity, confirms their status as asymptomatic carriers and characterizes them as sources of infection for other animals and for humans.