Resumo Este artigo resulta de uma experiência de intervenção em saúde vivenciada no âmbito da Atenção Básica do município de Jaboatão dos Guararapes/PE. O objetivo foi, por meio da promoção de um espaço de educação permanente em saúde, aproximar os profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) das discussões sobre a violência contra crianças, de modo a viabilizar a construção de estratégias de enfrentamento. Como proposta metodológica, foram realizadas três oficinas de trabalho junto a profissionais vinculados a três eSF da Regional III do município. Os temas abordados nas oficinas envolveram o campo associativo da temática “violência contra crianças”. Para apresentação e discussão dos resultados, realizou-se uma sistematização da experiência, a partir da qual foram definidas três linhas de análise apresentadas como campos de tensão revelados nos diálogos com os profissionais. Observa-se que diversos fatores dificultam o enfrentamento da violência contra crianças pelas eSF, dentre eles: a fragilidade da rede, a falta de preparo dos profissionais e a impotência na resolutividade dos casos. Como estratégia de enfrentamento, os profissionais ressaltam a importância da visita domiciliar. Contudo, um dos maiores instrumentos de combate à violência, a ficha de notificação, ainda é usada por poucos e desconhecida pela maioria. Conclui-se que ainda é grande a necessidade de se trabalhar a temática da violência contra crianças nas eSF, visto que a maior parte dos profissionais relata nunca haver participado de discussões sobre o tema, o que parece repercutir de maneira significativa em suas ações cotidianas.
Abstract This article is the result of a Primary Care health intervention experiment conducted in the municipality of Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. By promoting a Permanent Health Education space, we brought professionals of Family Health Strategy units (FHS) closer to the discussions on violence against children to facilitate the construction of coping strategies. As a methodological proposal, three workshops were held with professionals linked to three FHS from the III Region of the municipality. The topics covered in the workshops involved violence against children. For the presentation and discussion of the results, a systematization of the experience was performed from which three lines of analysis were defined and that we present as tension fields revealed in the dialogue with the professionals. We observed that several factors make it difficult to cope with violence against children among FHS, among them: the fragility of the network, the lack of preparation by the professionals, and the impotence in the resolution of cases. As a coping strategy, professionals emphasized the importance of home visits. However, one of the greatest tools to combat violence, the reporting form, is still used by few and unknown by the majority. There is still great need to work on the issue of violence against children in FHS, since most professionals report never having participated in discussions on this topic, which seems to have a significant repercussion on their daily actions.