Resumo: Os debates que envolvem o status de autora atualmente cristalizam as tensões, o que testemunha em particular a polêmica viva em torno do substantivo feminino autora. Essas questões sobre o status das mulheres criadoras parecem ainda mais fortes e mais ativas quando se trata de mulheres pertencentes às literaturas em língua francesa. As conexões entre a situação das mulheres e as dos autores francófonos são numerosas e concentram-se particularmente no que diz respeito à questão da legitimidade. Numa cena literária predominantemente dominada por escritores, homens, sobretudo brancos e ocidentais, escrever em francês como mulheres estrangeiras constitui um duplo desafio e implica uma necessidade de justificação. Para a presente reflexão, nos concentraremos no trabalho de Assia Djebar, primeira escritora de língua francesa a ingressar na Academia Francesa em 2005. Polimorfa, sua obra, tanto literária quanto fílmica, tende a retornar incessantemente, como um leitmotiv, por sua autoria, construindo assim sua própria representação e imagem de si (AMOSSY, 2010). É nisto que o ethos de escritora participa de uma encenação muito particular, que é ao mesmo tempo da literatura feminina e da literatura pós-colonial.
Abstract: Current debates on the status of feminine author crystallize tensions, and in particular the lively polemic on the use of the French feminine noun “auteure”. These questions about the status of women creators appear even stronger and virulent when they focus on women belonging to French-language literatures. Connections between the situation of women and French-speaking authors are numerous and they are found especially on the question of legitimacy. On a literary scene mostly dominated by writers (men, white and Western) writing in French for a foreign woman is a double challenge and entails a need for justification. For the present reflection, we will focus on the work of Assia Djebar, the first French-language writer to have joined the Académie française in 2005. Polymorph, her literary and filmic work tends to return incessantly, as a leitmotiv, on her authorship: thus she builds her own representation and “image de soi” (AMOSSY, 2010). The writer's ethos takes part in a very particular construction, which involve at the same time feminine identity and postcolonial literature.
Résumé: Les débats autour du statut d'auteure cristallisent actuellement les tensions; en témoignent notamment la vive polémique autour du substantif féminin auteure. Ces interrogations quant au statut des créatrices apparaissent d'autant plus fortes et virulentes quand elles s'attachent aux femmes appartenant aux littératures de langue française. Les accointances entre la situation des femmes et celles des auteurs de langue française sont nombreuses et se retrouvent notamment autour de la question de la légitimité. Sur une scène littéraire majoritairement dominée par des écrivains, hommes donc, blancs et occidentaux, écrire en français en tant que femmes étrangères relève d'une double gageure et entraîne un besoin de justification. Pour la présente réflexion, nous nous attacherons à l'œuvre d'Assia Djebar, première écrivaine de langue française à avoir rejoint l'Académie française en 2005. Polymorphe, son œuvre, tant littéraire que filmique, tend à revenir sans cesse, tel un leitmotiv, sur son auctorialité, construisant ainsi sa propre représentation et l'image de soi (AMOSSY, 2010). C'est en cela que l'ethos de l'écrivaine participe d'une mise en scène tout à fait particulière, qui relève à la fois de la littérature féminine et de la littérature postcoloniale.