OBJETIVO: descrever a prevalência e o perfil comportamental para infecções genitais em mulheres atendidas em uma Unidade Básica de Saúde em Vitória, Espírito Santo. MÉTODOS: estudo em corte transversal, realizado em mulheres de 15 a 49 anos, atendidas numa área atendida pelo Programa Saúde da Família (PSF). Os critérios de exclusão foram: ter sido submetida a um exame ginecológico há menos de um ano e ter histórico de tratamento recente (nos últimos três meses) para infecções genitais. Foi aplicada entrevista contendo dados sócio-demográficos, clínicos e comportamentais. Espécimes genitais foram coletados para citologia, bacterioscopia pelo Gram e cultura; e amostra de urina para teste de biologia molecular para Chlamydia trachomatis. RESULTADOS: participaram do estudo 299 mulheres. A mediana de idade foi de 30,0 (intervalo interquartil: 24;38) anos; a média de idade do primeiro coito foi de 17,3 (dp=3,6) anos. A média de idade da primeira gravidez foi de 19,2 (dp=3,9) anos. Aproximadamente 70% relataram até oito anos de escolaridade; 5% relataram infecção sexualmente transmissível prévia e 8% uso de drogas ilícitas. Somente 23,7% relataram uso consistente de preservativo. As queixas clínicas relatadas foram: úlcera genital (3%); disúria (7,7%); fluxo vaginal (46,6%); prurido (20%) e dor pélvica (18%). As taxas de prevalência foram: Chlamydia trachomatis com 7,4%; gonorréia 2%; tricomoníase 2%; vaginose bacteriana 21,3%; candidíase 9,3%; e alterações citológicas sugestivas de vírus 3,3%. No modelo final de regressão logística, os fatores independentemente associados a infecções genitais foram: muco cervical anormal, OR=9,7 (IC95%=5,6-13,7); realização de teste de HIV prévio, OR=6,5 (IC95%=4,0-8,9); ter mais de um parceiro no último ano, OR=3,9 (IC95%=2,7-5,0) e ter mais de um parceiro na vida, OR=4,7 (IC95%=2,4-6,8). CONCLUSÕES: os resultados mostram alta freqüência de infecções genitais e a necessidade de medidas de prevenção, como o rastreamento de infecções sexualmente transmissíveis e programas de redução de risco em mulheres que procuram o serviço ginecológico de rotina.
PURPOSE: to describe the prevalence and behavioral profile of genital infections in women attended at a Primary Health Unit in Vitoria, ES. METHODS: a transversal study including 14 to 49-year-old women attended by the Family Health Program (FHP). Exclusion criteria were: having been submitted to gynecological examination in less than one year before, and history of recent treatment (in the last three months) for genital infections. An interview including socio-demographic, clinical and behavioral data was applied. Genital specimens were collected for cytology, GRAM bacterioscopy and culture, and urine sample for molecular biological test for Chlamydia trachomatis. RESULTS: two hundred and ninety-nine women took part in the study. The median age was 30.0 (interquartile interval: 24;38) years old; the average age of the first intercourse was 17.3 (sd=3.6) years old. The first pregnancy average age was 19.2 (3.9) years old. About 70% reported up to 8 years of schooling; 5% reported previous Sexually Transmitted Diseases (STD), and 8%, the use of illicit drugs. Only 23.7% reported consistent use of condoms. Clinical complaints were: genital ulcer (3%); dysuria (7.7%); vaginal discharge (46.6%): pruritus (20%) and pelvic pain (18%). Prevalence rates were: Chlamydia trachomatis 7.4%; gonorrhea 2%; trichomoniasis 2%; bacterial vaginosis 21.3%; candidiasis 9.3%; and cytological changes suggestive of HPV 3.3%. In the final logistic regression model, the factors independently associated to genital infections were: abnormal cervical mucus, OR=9.7 (CI95%=5.6-13.7), previous HIV testing, OR=6.5 (CI95%=4.0-8.9), having more than one partner during the previous year, OR=3.9 (CI95%=2.7-5.0), and having more than one partner in life, OR=4.7 (CI95%=2.4-6.8). CONCLUSIONS: results show a high rate of genital infections and the need of preventive measures, such as STD surveys and risk reduction programs for women that look for routine gynecological service.