Resumo Os contaminantes emergentes (CE), sao substáncias químicas (fármacos, produtos de higiene pessoal, drogas ilícitas entre outros) que estao presentes no ambiente como consequéncia da atividade antrópica e a falta de adequagao dos processos convencionais de tratamento de água e esgoto que nao logram remové-los eficientemente. Na atualidade o uso disseminado e desmedido de fármacos no tratamento da pandemia de COVID 19 tem aumentado a preocupagao dos impactos decorrentes da contaminagao por fármacos em ambientes aquáticos, consequéncia da liberagao no ambiente de grandes quantidades destes compostos. Assim, estudos de ecotoxicidade aquática sao fundamentais para avaliar o efeito de substáncias químicas tóxicas nas análises de impactos ambientais, sobretudo quando utilizado organismos representativos da biota aquática local, garantindo assim, maior confiabilidade e representatividade dos resultados obtidos. Diante disto, o objetivo deste trabalho foi validar a utili-dade do Dendrocephalus brasiliensis (Branchoneta) espécie autóctone do nordeste brasileiro como organismo teste para estudos de ecotoxicidade de fármacos utilizados no tratamento da COVID 19. Testes ecotoxicológicos utilizando D. brasiliensis foram realizados utilizando solugóes dos fármacos paracetamol, hidroxicloroquina, ivermectina e ibuprofeno, em concentragóes de 0,0025 até 600,0 mg/L seguindo os protocolos descritos pela Associagao Brasileira para Normas Técnicas (ABNT) para toxicidade aguda, protocolo padronizado para a realizagao do ensaio ecotoxicológicos utilizando como organismo teste a Daphnia magna, o qual foi empregada como referencia para comparar o padrao de resposta. Com os resultados obtidos foi realizado o cálculo da CL50-48h considerando como desfecho a morte dos organismos, ivermectina (< 0,0025 - < 0,0025), hidroxicloroquina (3,70 - 14,09), ibuprofeno (12,25 - 107,52), paracetamol (8,53 - 9,61), resultados CL50-48h mg/l D. magna e D. brasiliensis respectivamente. Os resultados obtidos mostraram um padrao diferenciado dependente da espécie e do fármaco analisado observando-se uma menor sensibilidade frente a exposigao da D. brasiliensis em comparagao a D. magna demonstrando a valia da D. brasiliensis como organismo teste. Pesquisas futuras dirigidas a analisar as potenciais interagóes destes fármacos em concentragóes ambientais reais sao necessárias para completar a validagao e ter uma aproximagao dos eventos acometidos em ambientes impactados por estes fármacos.
Abstract Emerging contaminants (EC) are chemical substances (pharmaceuticals, personal hygiene products, illicit drugs, among others) that are present in the environment because of human activity and the lack of adequacy of conventional water and sewage treatment processes that do not manage to remove them efficiently. Currently, the widespread and excessive use of drugs in the treatment of the COVID 19 pandemic has increased concern about the impacts resulting from contamination by drugs in aquatic environments, because of the release into the environment of large amounts of these compounds. Thus, aquatic ecotoxicity studies are essential to evaluate the effect of toxic chemical substances in the analysis of environmental impacts, especially when using representative organisms of the local aquatic biota, thus ensuring greater reliability and representativeness of the results obtained. In view of this, the objective of this work was to validate the usefulness of Dendrocephalus brasiliensis (Branchoneta), an autoch-thonous species from northeastern Brazil as a test organism for ecotoxicity studies of drugs used in the treatment of COVID 19. Ecotoxicological tests using D. brasiliensis were performed using drug solutions paracetamol, hydroxychloroquine, ivermectin and ibuprofen, in concentrations from 0.0025 to 600.0 mg/L following the protocols described by the Brazilian Association for Technical Norms (ABNT) for acute toxicity, standardized protocol for carrying out the ecotoxicological assay using as a test organism Daphnia magna, which was used as a reference to compare the response pattern. Based on the results obtained, the LC50-48h was calculated considering the death of organisms, ivermectin (< 0.0025 - < 0.0025), hydroxychloroquine (3.70 - 14.09), ibuprofen (12.25 - 107.52), paracetamol (8.53 - 9.61), results LC50-48h mg/l D. magna and D. brasiliensis respectively. The results obtained showed a differenti-ated pattern depending on the species and the analyzed drug, observing a lower sensitivity to exposure of D. brasiliensis compared to D. magna, demonstrating the value of D. brasiliensis as a test organism. Future research aimed at analyzing the potential interac-tions of these drugs at real environmental concentrations is necessary to complete the validation and to have an approximation of the events affected in environments impacted by these drugs.