Resumo Introdução Ansiedade de performance musical (APM) é definida como uma condição de apreensão duradoura e intensa, associada ao desempenho musical em público. Em níveis extremos é prejudicial à carreira e qualidade de vida do músico. Objetiva-se descrever o perfil clínico, as causas percebidas e estratégias de enfrentamento da APM. Métodos Neste estudo transversal, vários instrumentos de autoavaliação foram administrados a 214 músicos brasileiros (68% do sexo masculino, 53,3% clássicos/ 46,7% populares). Os dados foram analisados por estatística descritiva e paramétrica, com base nas variáveis formação musical e nível de APM. Resultados Encontrou-se um percentual elevado de indicadores de psicopatologia (40% altos níveis de APM, 37% ansiedade social, 12,5% depressão, 13,5% abuso de álcool), sendo os músicos com altos níveis de APM aqueles com maior comprometimento. Uma ampla variedade de situações foi associada à APM, com destaque para aquelas relacionadas ao próprio indivíduo (pressão de si próprio/preocupação com a plateia). Entre os recursos utilizados para enfrentamento da APM destacaram-se aqueles focados na regulação emocional e no uso de recursos internos dos músicos (respiração, aumento do treino, familiarização com a prática no local da apresentação), embora nem sempre tenham sido eficazes. Mostrou-se pouco comum a busca por recursos e tratamentos especializados. Conclusões Evidencia-se a condição de vulnerabilidade desse grupo profissional e a necessidade de estratégias preventivas e intervenções comportamentais, ambientais, educativas e farmacológicas que permitam mudanças neste cenário.
Abstract Introduction Music performance anxiety (MPA) is characterized by long-lasting, high intensity apprehension associated with performing music in public. At extreme levels, MPA can impair the career and quality of life. Our goal is to describe the clinical profile, perceived causes and coping strategies associated with MPA. Methods In this cross-sectional study, several self-assessment instruments were administered to a sample of 214 Brazilian musicians (68% male, 53.3% classical/46.7% popular musicians). Data were analyzed using descriptive and parametric statistics, based on the variables of musical training and level of MPA. Results Percentages of indicators of pathology were high (40% high MPA levels, 37% social anxiety, 12.5% depression, 13.5% alcohol abuse), and musicians with high MPA levels were the most affected. A wide variety of situations were associated with MPA, especially those related to the individual (pressure from self/concern about audience). Emotion-focused coping and internal resources were prominent among the resources used for coping with MPA (breathing, increased practice, familiarization with performance venue), although they were not always effective. It was relatively uncommon for musicians to seek specialized resources and treatments. Conclusions The results demonstrate the vulnerability of the targeted professional groups and the need for preventive strategies and behavioral, environmental, educational, and pharmacological interventions to change this scenario.