Resumo A língua pilosa é uma patologia benigna, caracterizada clinicamente por placas hiperqueratinizadas na face dorsal da língua, semelhante a pelos, cuja coloração varia de despigmentada, esbranquiçada, amarelada, verde, acastanhada a preta. O diagnóstico é clínico, e em casos de placas esbranquiçadas, pode ser difícil diferenciar entre leucoplasia pilosa oral, leucoplasia potencialmente maligna ou carcinoma de células escamosas. Assim, o exame complementar de fluorescência óptica de campo amplo pode permitir uma melhor visualização do padrão local de hiperqueratinização semelhante à pelos, os quais são característicos de língua pilosa, facilitando o diagnóstico. Neste trabalho, um paciente do sexo masculino, 57 anos, foi encaminhado ao Departamento de Odontologia da Secretaria de Saúde de Divinópolis (Minas Gerais) por um clínico geral, visando o diagnóstico de uma possível lesão maligna na face dorsal da língua. O exame complementar por fluorescência óptica de campo amplo foi realizado. Para isso, foi empregado um dispositivo com diodo emissor de luz de alta potência, com luz centrada em um comprimento de onda de (400±10) nm e irradiância máxima de (0,04 ±0,008) W/cm2 para visualização de fluorescência. As imagens de fluorescência mostraram projeções de aparência semelhante à pelos na superfície dorsal da língua, sem aspectos de malignidade. A aparência similar à pelos é a principal característica da língua pilosa. Dessa maneira, o diagnóstico final foi estabelecido. Em conclusão, neste caso, o uso da fluorescência óptica de campo amplo permitiu um diagnóstico diferencial, sem a necessidade de uma biópsia incisional.
Abstract Hairy tongue is a benign pathology, characterized clinically by hyperkeratinized plaques on the dorsal surface of the tongue, hairlike, whose coloration ranges from unpigment, whitish, yellowish, green, brown to black. Diagnosis is clinical, and, in cases of whitish plaques, it may be difficult to differentiate between oral hairy leukoplakia, potentially malignant leukoplakia or squamous cell carcinoma. Thus, widefield optical fluorescence complementary examination may allow a better visualization of the local hairlike pattern of hyperkeratinization, typical of the hairy tongue, facilitating the diagnosis. In this work, a 57-year-old man was referred to the Dental Specialties Department of the Divinópolis Health Department (MG, Brazil) by a general dental practitioner, aiming a differential diagnosis of possible malignant lesion on the dorsal tongue surface. The complementary examination by wide-field optical fluorescence was performed. For this, it was employed a device with high-power light-emitting diode emitting light centered at a wavelength of (400±10) nm and maximum irradiance of (0.040±0.008) W/cm2 was used for fluorescence visualization. Fluorescence images showed projections of hairlike appearance in tongue dorsal surface with no aspects of malignancy. Hairlike appearance is the principal feature of hairy tongue. In this way, the final diagnosis was established. In conclusion, in this case, the use of widefield optical fluorescence in oral diagnostic routine provided a differential diagnosis, with no need of an incisional biopsy.