OBJETIVO: Embora a relação entre Epidemiologia e Antropologia tenha uma longa história, geralmente, ela tem sido compreendida por meio da integração dos métodos quantitativos e qualitativos em pesquisa. Recentemente, esses dois campos têm convergido para linhas conceituais e teóricas, enfatizando mais a explicação do que a simples descrição dos fenômenos investigados. O objetivo do estudo foi mostrar como a análise de dados etnográficos auxilia na interpretação aprofundada e teórica de dados epidemiológicos. MÉTODOS: As análises antropológicas do artigo foram obtidas usando métodos etnográficos, de 1997 a 2007, de uma amostra pertencente ao estudo de coorte de nascimento de 1982 em Pelotas (RS). As análises etnográficas foram estruturadas de acordo com os resultados de dois artigos epidemiológicos sobre os determinantes de morbidade mental e da idade de iniciação sexual. RESULTADOS E CONCLUSÕES: As análises etnográficas indicam diversos caminhos de influência e causalidade presentes nas associações estatísticas e que correspondem a experiências únicas de grupos específicos. Explorando esses caminhos, observaram-se vários fatores importantes que ajudam a explicar os resultados epidemiológicos, incluindo as respostas dos jovens às experiências de injustiça/desigualdade, o papel da violência na vida diária, os eventos de vida traumáticos, a reclusão social e introversão como resposta as dificuldades vividas, assim como a maturação psicossocial. A colaboração teórica e metodológica entre antropologia e epidemiologia é importante para a saúde pública, pois tem modificado positivamente esses dois campos do saber.
OBJECTIVE: Although the relationship between epidemiology and anthropology has a long history, it has generally been comprised of the integration of quantitative and qualitative methods. Only recently have the two fields begun to converge along theoretical lines, leading to a growing mutual interest in explaining rather than simply describing phenomena. This paper aimed to illustrate how ethnographic analyses can be used to assist with the in-depth and theoretically-imbued interpretation of epidemiological results. METHODS: The anthropological analysis presented in this paper used ethnographic data collected as part of the ongoing 1982 birth cohort study, between 1997 and 2007 in Pelotas, Southern Brazil. Analyses were framed according to the results presented in two of the epidemiological articles published in this series on the determinants of mental morbidity and age of sexual initiation. RESULTS AND CONCLUSIONS: The ethnographic results show that statistical associations consist of multiple pathways of influence and causality that generally correspond to the unique experiences of specific subgroups. In exploring these pathways, the paper highlights the importance of an additional set of mediating factors that account for epidemiological results; these include the awareness and experience of inequities, the role of violence in everyday life, traumatic life events, increasing social isolation and emotional introversion as a response to life's difficulties, and differing approaches towards socio-psychological maturation. Theoretical and methodological collaboration between anthropology and epidemiology is important for public health, as it has positively modified both fields.
OBJETIVO: A pesar de que la relación entre Epidemiología y Antropología tiene una larga historia, generalmente, ella ha sido comprendida por medio de la integración de los métodos cuantitativos y cualitativos en investigación. Recientemente, esos dos campos han convergido en líneas conceptuales y teóricas, enfatizando más la explicación que la simple descripción de los fenómenos investigados. El objetivo del estudio fue mostrar como el análisis de datos etnográficos auxilia en la interpretación profunda y teórica de datos epidemiológicos. MÉTODOS: Los análisis antropológicos del artículo fueron obtenidos usando métodos etnográficos, de 1997 a 2007, de una muestra perteneciente al estudio de cohorte de nacimientos de 1982 en Pelotas (Sur de Brasil). Los análisis etnográficos fueron estructurados de acuerdo con los resultados de dos artículos epidemiológicos sobre las determinantes de morbilidad mental y de la edad de iniciación sexual. RESULTADOS Y CONCLUSIONES: Los análisis etnográficos indican diversos caminos de influencia y causalidad presentes en las asociaciones estadísticas y que corresponden a experiencias únicas de grupos específicos. Explorando esos caminos, se observaron varios factores importantes que ayudan a explicar los resultados epidemiológicos, incluyendo las respuestas de jóvenes a las experiencias de injusticia/desigualdad, el papel de la violencia en la vida diaria, los eventos de vida traumáticos, la reclusión social e introversión como respuesta a las dificultades vividas, así como la maduración psicosocial. La colaboración teórica y metodológica entre antropología y epidemiología es importante para la salud pública, pues ha modificado positivamente esos dos campos del saber.