OBJETIVO: Analisar o perfil clínico-epidemiológico dos casos de meningite internados em hospital público e os fatores associados à evolução hospitalar. MÉTODOS: Foram analisados 694 casos confirmados, notificados e investigados pelo serviço de epidemiologia de um hospital público de 1986 a 2002. Os dados foram coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), como parte da rotina local de vigilância epidemiológica. Foi realizada análise multivariada por regressão logística. RESULTADOS: Etiologias mais freqüentes: criptocócica (12,3%; letalidade =37,7%); meningocócica (8,7%; letalidade =13,3%); pneumocócica (7,2%; letalidade =46%); tuberculosa (6,1%; letalidade =40,5%); estafilocócica (5,2%; letalidade =38,9%), viral (5,5%; letalidade =7,9%); hemófilo (2,9%; letalidade =20%). 38,8% dos casos apresentavam etiologia não especificada (letalidade =36%) e 17,3% estavam associados à infecção pelo HIV. Observou-se meningite hospitalar em 27,1% e seqüelas em 9,2% dos casos com alta hospitalar. Variáveis associadas a uma maior chance de óbito: etiologia (referência viral) - tuberculose, criptococo, estafilococo, meningococo, não especificada, outros gram negativos, cândida e pneumococo; infecção pelo HIV; coma. A tríade febre, vômitos e rigidez de nuca associou-se a uma menor chance de óbito. CONCLUSÕES: A elevada proporção de etiologia não especificada e letalidade alta podem refletir problemas de processo de assistência e/ou seleção dos casos relacionada ao perfil do hospital. A vigilância epidemiológica operante no nível hospitalar foi capaz de retro-alimentar os serviços com indicadores da assistência, sendo pertinente o uso do Sinan neste nível.
OBJECTIVE: To analyze the clinical-epidemiological profile and in-hospital death predictors of infectious meningitis patients admitted to a public hospital. METHODS: There were studied 694 cases of meningitis notified and investigated by a public hospital's epidemiology service from 1986 to 2002, using the National Information System of Notifiable Diseases (SINAN) as part of the local routine of epidemiologic surveillance. Statistics analysis included multivariate logistic regression. RESULTS: The most frequent etiologies were: cryptococcal (12.3%; case-fatality =37.7%); meningococcal (8.7%; fatality =13.3%); pneumococcal (7.2%; fatality =46%); tuberculous (6.1%; fatality =40.5%); staphylococcal (5.2%; fatality =38.9%), viral (5.5%; fatality =7.9%); Haemophilus (2.9%; fatality =20%). The proportion of cases of non-specified etiology was 38.8% (fatality =36%) and 17.3% were associated to HIV infection. It was found that 27.1% were nosocomial meningitis and 9.2% of the surviving cases had sequelae. The logistic regression model identified the following death predictors of infectious meningitis: etiology (reference: viral category) - tuberculous, cryptococcal, staphylococcal, meningococcal, non-specified, other Gram-negative, Candida and pneumococcal; HIV co-infection; coma. Fever, vomiting and neck stiffness were associated to a lower odds of death. CONCLUSIONS: The high proportion of non-specified etiology and high case-fatality may reflect problems in the hospital care process and/or case selection. The epidemiologic surveillance system operating at the hospital level was able to feedback the services with clinical indicators. The use of SINAN at the local level was considered useful and pertinent