RESUMO Introdução: A infecção pelo HIV e as queimaduras são um problema comum de saúde pública, principalmente em países de baixa e média renda. Há uma escassez na literatura sobre a epidemiologia de pacientes HIV positivos hospitalizados em unidades de queimados. O objetivo deste estudo é avaliar dados clínicoepidemiológicos de pacientes HIV positivos internados em uma Unidade de Terapia de Queimaduras. Métodos: Realizada análise retrospectiva de pacientes com diagnóstico de HIV internados na Unidade de Terapia de Queimados do Hospital Estadual de Bauru entre os anos de 2008 e 2018. Resultados: No total, foram revisados 2364 prontuários e encontrados 14 (0,6%) pacientes com diagnóstico de HIV. A idade média foi 43,1 anos. Quanto ao gênero, nove (64,3%) eram masculinos e cinco (35,7%) femininos. O mecanismo mais comum foi por chama direta em 11 (78,7%) casos. A etiologia foi álcool (42,9%) em seis pacientes, em três explosão (21,5%) e os demais foram gasolina, cigarro e contato com escapamento, todos com um (7,1%) caso. A causa mais comum foi acidente, em nove (64,3%) casos, dois (14,3%) tentativa de homicídio, um (7,1%) autoextermínio e dois (14,3%) casos sem informação. Em relação à superfície corporal queimada (%SCQ), cinco (37,5%) apresentavam queimaduras de 0-10%, três (21,4%) de 11-20% e cinco (35,7%) maiores que 20%, e em um era desconhecida. Quatro (28,6%) apresentaram lesões de vias aéreas. Dois (14,3%) pacientes foram a óbito. Conclusão: A prevalência de pacientes HIV positivos queimados internados em uma unidade especializada para este tratamento se assemelha à nacional, com características semelhantes em relação a idade e gênero.
ABSTRACT Introduction: HIV infection and burns are common public health issues, especially in low- and middle-income countries. There is a paucity in the literature evaluating the epidemiology of burns hospitalization in HIV patients. This study aims to evaluate the clinical and epidemiological profile of HIV-positive patients hospitalized in a Burn Therapy Unit. Methods: A retrospective analysis of burn patients diagnosed with HIV was performed at the Therapy Unit of the State Hospital of Bauru between 2008 and 2018. Results: 2,364 medical records were reviewed, and 14 (0.6%) patients were diagnosed with HIV. The mean age was 43.1 years. Regarding gender, nine (64.3%) were male, and five (35.7%) were female. The most common mechanism was direct flame in 11 (78.7%) cases. The etiology was alcohol (42.9%) in six patients, in three explosions (21. 5%), and the others were gasoline, cigarettes and contact with exhaustion, all with one (7.1%) case. When the cause of these burns was evaluated, nine (64.3%) were due to accidents, either at work or home, two (14.3%) for attempted murder, one (7.1%) self-extermination, and two (14.3%) cases had no information. Regarding total burn surface area, five (37.5%) had burns of 0-10%, three (21.4%) 11-20% and five (35.7%) greater than 20%, and one was unknown. Four (28.6%) showed airway lesions. Two (14.3%) patients died. Conclusion: The prevalence of burned HIV-positive patients admitted to a specialized unit for this treatment is like the national one, with similar characteristics concerning age and gender.