Esta pesquisa pretendeu identificar como as mulheres com câncer de mama se percebem enquanto sujeitos no processo de tomada de decisão sobre seu tratamento. Os objetivos foram: identificar determinantes sociais e políticos presentes no processo de socialização dessas mulheres que contribuíram para a adoção de um estilo de participar, e compreender o significado da participação tal como foi percebido por elas no momento de decidirem sobre seu tratamento. A fundamentação teórico-metodológica foi inspirada no Interacionismo Simbólico. A amostra constou de nove mulheres com câncer de mama. A entrevista semi-estruturada conduziu à coleta de dados, assim como as anotações de campo e os dados do prontuário. Tomando-se a dialética hermenêutica como caminho do pensamento interpretativo dos dados, foi possível apreender duas grandes unidades temáticas: 'construção da identidade feminina' e 'estilo de participação na escolha do tratamento', as quais nos permitiram apreender o que, para elas, significou falar de limites e, portanto, de ética. Elas interpretaram que não participaram do processo de tomada de decisão por serem consideradas desqualificadas para decidirem sobre seus corpos e suas vidas - portanto, como sujeitos de obediência à decisão médica, que se fundamenta no princípio da beneficência, sendo que atendimento à saúde se estrutura por meio de relações sociais hierarquizadas cujas relações de poder se dão entre classes, gêneros e saberes.
The purpose of this study was to identify how women with breast cancer perceive themselves as subjects in the process of making decisions on their own treatment. Two objectives were pursued: (a) to identify social and political determinants that, by affecting the socialization process of these women, might have influenced them in adopting a style of participation, and (b) to understand the meaning of such participation, as it was perceived by these women at the time they decided on their treatment options. The theoretical-methodological support adopted was that of Symbolic Interactionism. The population sample included nine women with breast cancer. Semi-structured interviews allowed data to be gathered, and led to collecting further field notes and data from medical records. The hermeneutic dialectic method was employed as a compass for data interpretation, which made it possible to identify two broad theme units: 'construction of the female identity' and 'style of participation when choosing one's own treatment'. By means of these units it was possible to grasp what it meant for these women to deal with the issue of limits and, therefore, of ethics. In their view, they did not participate in the decision-making process, being regarded as unqualified to decide on the fate of their own bodies and lives. They were thus seen as obedient subjects in relation to medical decisions that are based on the principle of beneficence, where health care delivery is dependent on hierarchical social relationships and power structures are present between classes, genders, and levels of knowledge.
Esta investigación pretendió identificar como las mujeres con cáncer de mama se perciben en cuanto sujetos en el proceso de tomar decisiones sobre su tratamiento. Los objetivos fueron: identificar determinantes sociales, económicos y políticos presentes en el proceso de socialización de estas mujeres que contribuyeron para la adopción de un estilo de participar y comprender el significado de la participación, tal como fue percibido por ellas en el momento, de decidir sobre su tratamiento. La fundamentación teórica metodológica fue inspirada en el Interaccionalismo Simbólico. La muestra constó de nueve mujeres con cáncer de mama. La entrevista semi-estructurada condujo la recolección de datos, así como, las anotaciones de campo y datos de la historia clínica. Tomándose la dialéctica hermenéutica como el camino del pensamiento interpretativo de los datos, fue posible identificar dos grandes unidades temáticas: 'construcción de la identidad' y 'estilo de participación en el momento de escoger el tratamiento', las cuales permitieron aprender que significó para ellas hablar de limitaciones y por tanto, de ética. Ellas interpretaron que no participaron del proceso de tomar decisiones por ser consideradas descalificadas para decidir sobre sus cuerpos y sus vidas, por tanto, un sujeto de obediencia a la decisión medica, que se fundamenta en el principio de la beneficencia, donde la atención a la salud se estructura a través de las relaciones sociales jerarquizadas, cuyas relaciones de poder se dan entre clases, géneros y saberes.