Resumo Objetivo: compreender a percepção de trabalhadoras da pesca artesanal acerca dos riscos e agravos relacionados ao trabalho e das ações de promoção à saúde dirigidas a sua atividade produtiva. Métodos: pesquisa-ação com sete pescadoras e marisqueiras do rio Pacoti, em Eusébio, Ceará. A coleta de dados foi realizada no domicílio das trabalhadoras em 2019. As entrevistas foram gravadas, transcritas e seu conteúdo analisado por meio da análise de discurso. Resultados: as mulheres pescadoras têm baixa escolaridade e renda. Enfrentam condições de trabalho precárias em ambiente inóspito (manguezal). Relatam quedas, fraturas, ferimentos, afogamentos e sintomas de distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho, porém não consideram que estejam expostas à riscos. Esses acidentes são vistos por elas como inerentes ao processo produtivo e os agravos à saúde não são percebidos como decorrentes do trabalho. Também não identificam ações de promoção de saúde dirigidas a elas. Conclusão: as situações relatadas e vivenciadas pelas trabalhadoras indicam que o serviço de saúde local ainda não atua a partir de uma visão de Saúde do Trabalhador. Há necessidade do Sistema Único de Saúde avançar na promoção da saúde, por meio de educação, vigilância e atenção em saúde com foco na prevenção de agravos relacionados à pesca artesanal.
Abstract Objective: to understand the artisanal fisherwomen’s perception about the risks and health problems related to their work, as well as to the health promotion actions aimed at their activity. Methods: action research conducted with seven fisherwomen/shellfish gatherers of the Pacoti River, in Eusébio, state of Ceará, Brazil. Participants were interviewed at their home in 2019. The interviews were recorded, transcribed, and their content examined using discourse analysis. Results: our findings indicated that fisherwomen have low education and income levels, besides facing precarious working conditions in an inhospitable environment (mangrove). Although reporting falls, fractures, injuries, drownings, and symptoms of work-related musculoskeletal disorders, they do not consider that they are exposed to risks. They see these accidents as inherent to the production process and do not perceive their health problems as resulting from the working conditions to which they are subjected. They also do not identify the existence of health promotion actions aimed at fisherwomen and shellfish gatherers. Conclusion: the situations experienced and reported by the workers indicate that the local health service is not committed to occupational health yet. Brazilian Unified Health System (SUS) must advance in health promotion through education, surveillance, and healthcare, aimed at preventing artisanal fishing work-related diseases.