Resumo Objetivou-se avaliar a magnitude e os grupos populacionais em maior risco à violência física intrafamiliar (VFI) entre estudantes do 9° ano do ensino fundamental. Analisou-se dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), um estudo transversal de base escolar, cuja amostragem se deu em três estágios: seleção de municípios, escolas e turmas. Foram conduzidas análises univariadas, bivariadas e multivariadas, considerando os pesos amostrais. Examinaram-se informações de 60.905, 108.793 e 102.072 estudantes, identificando-se prevalências de VFI de 9,5%, 10,9% e 14,5% para cada ano analisado, respectivamente. Posterior ao ajuste, constatou-se que a vitimização por VFI foi maior em estudantes do sexo feminino, que se autodeclararam de cor/raça preta, parda, amarela ou indígena, e com idades de 15 e 16 anos ou mais, cujas mães apresentavam menor grau de escolaridade. Foi observado aumento na ocorrência de VFI no período estudado, sinalizando a necessidade de políticas, programas e serviços especializados voltarem sua atenção para os segmentos populacionais mais vulneráveis. A inserção de estratégias preventivas no contexto escolar, com ênfase nas dinâmicas familiares, poderá ser um vetor para a diminuição de episódios de VFI, consolidando a família enquanto sistema social e contribuindo para a quebra do ciclo de violência.
Resumen Este artículo tuvo como objetivo evaluar la magnitud y los grupos poblacionales con mayor riesgo de sufrir violencia física intrafamiliar (VFI) entre los estudiantes del noveno año de educación básica. Analizamos datos de la Encuesta Nacional de Salud Escolar (PeNSE), un estudio transversal escolar, cuyo muestreo se realizó en tres etapas: selección de municipios, escuelas y clases. Se realizaron análisis univariados, bivariados y multivariados, considerando los pesos muestrales. Se examinó información de 60.905, 108.793 y 102.072 estudiantes, identificándose prevalencias de VFI del 9,5%, 10,9% y 14,5% para cada año analizado, respectivamente. Luego del ajuste, se encontró que la victimización por VFI fue mayor en estudiantes mujeres, que se declararon negras, pardas, amarillas o indígenas, de 15 y 16 años o más, cuyas madres eran menores de edad. Se observó un aumento en la ocurrencia de VFI durante el período estudiado, lo que señala la necesidad de que políticas, programas y servicios especializados centren su atención en los segmentos de población más vulnerables. La inserción de estrategias preventivas en el contexto escolar, con énfasis en la dinámica familiar, podrá ser un vector para reducir los episodios de VFI, consolidar a la familia como sistema social y contribuir a romper el ciclo de violencia.
Abstract The aim was to evaluate the magnitude of population groups at greater risk of intrafamily physical violence (IPV) among 9th grade students. Data from the Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) [National School Health Survey] was used in a cross-sectional school-based study, whose sampling took place in three stages: selection and analysis of municipalities, schools and school classes. Univariate, bivariate and multivariate analyses were conducted, considering the sample weights. Information referring to 60,905, 108,793 and 102,072 students were examined. This identified IPV prevalences of 9.5%, 10.9% and 14.5% for each year analyzed, respectively. After adjustment, it was found that IPV victimization was higher among female students who self-declared black, brown, yellow or indigenous, were aged 15 and 16, and whose mothers had a lower level of education. It was observed that the occurrence of IPV increased in the study period, signaling the need for specialized policies, programs and services to turn attention toward the most vulnerable population segments. The implementation of preventive strategies in the school context, with emphasis on family dynamics, may be a vector for reducing the number of IPV episodes, consolidating the family as a social system contributing to breaking the cycle of violence.