Neste trabalho analisamos as concepções de homens rurais residentes na zona da mata pernambucana sobre suas práticas sexuais e a prevenção de DST/AIDS. Ele baseia-se numa metodologia de natureza qualitativa, tendo sido entrevistados 22 homens. Os resultados indicam que a primeira relação sexual destes apresenta um caráter de aprendizado, sendo marcada, por vezes, pela violência. Que eles fazem distinção entre mulheres "de casa e da rua", reconhecem o desejo feminino e valorizam a reciprocidade nas relações sexuais, diferenciando o sexo que se faz com distintas categorias de mulheres. Sete homens relatam experiências homoeróticas na adolescência, atribuídas à imaturidade, que não afetam a identidade heterossexual. O uso do preservativo, percebido negativamente, é inconstante e irregular, concorrendo com o conhecimento da parceira. As DSTs são pouco temidas ao passo que a AIDS é associada à morte, não vendo-se os entrevistados sob risco de contraí-la. Ambigüidades presentes no discurso, aliadas a uma atuação pouco eficaz dos serviços de saúde e campanhas de prevenção, evidenciam um elevado nível de exposição ao risco de contrair DST/AIDS por parte dos entrevistados e suas/seus parceiras/os.
This study analyzes the concepts displayed by rural men in the Zona da Mata region in the State of Pernambuco, Brazil, concerning their sexual practices and STD/AIDS prevention. The study adopts a qualitative methodology, having interviewed 22 men According to the interviews, their first sexual intercourse is characterized as a learning experience and is sometimes marked by violence. They make a distinction between the "woman at home" and "street women"; they acknowledge women's sexual desire and value reciprocity in sexual relations, differentiating between the kinds of sex they have with different categories of women. Seven men report homoerotic experiences during adolescence, which they ascribe to immaturity, not affecting their heterosexual identity. Condom use, perceived in a negative light, is inconstant and irregular, inversely proportional to knowing the female partner. STDs in general inspire little fear, while AIDS is associated with death; the interviewees do not see themselves at risk of acquiring HIV. Ambiguities in the men's discourse, together with a basically ineffective approach by health services and preventive campaigns, reveal a high level of exposure to the risk of contracting STDs/AIDS among the interviewees and their female or male partners.