Resumo Neste ensaio, abordamos o racismo, a violência policial e os recentes protestos políticos nos Estados Unidos amparados metodologicamente pelo campo de estudos da performance, ou seja, pensando esses acontecimentos como eventos performáticos. Sob essa chave, analisamos o assassinato de George Floyd e os protestos que emergiram em resposta à sua morte, pensados aqui a partir do conceito de levante, e um gesto que com notável frequência era repetido por diversos manifestantes: o de se ajoelhar. O gesto, nesse caso, é o momento intensamente performático no qual um corpo se expõe e cria a si mesmo e um outro espaço sensível possível, mesmo que efêmero, e que liga cada manifestante a toda uma linhagem de ativistas que lutaram e ainda lutam pelo fim da repetição do roteiro macabro da violência racial.
Abstract In this essay we address racism, police violence and the recent political protests in the United States methodologically supported by the field of performance studies, that is, thinking of them as performatic events. Under this key, we analyze the murder of George Floyd and the protests that emerged in response to his death, thought here through the concept of uprising, and the gesture that with remarkable frequency was repeated by several demonstrators: the kneeling. The gesture, in this case, is the intensely performatic moment where a body exposes and creates itself and another possible sensible space, even if ephemeral, and which links each protester to a whole lineage of activists who fought and are still fighting for the end of the replay of the macabre script of racial violence.