Resumo A violência contra a mulher, o distanciamento masculino do cuidado em saúde primário e a discriminação contra as pessoas LGBTQIA+, lésbicas, gays, bissexuais, transgênero, queer, intersexo, assexual, são expressões do construto social de gênero que estão postas como desafios aos profissionais de saúde, que devem desenvolver estratégias de enfrentamento a essas iniquidades sociais em saúde. Por outro lado, a ordem societária pautada na desigualdade de gênero cria barreiras de acesso aos serviços de saúde e consecutivamente aumentam as disparidades sociais. Este estudo objetivou identificar, na literatura, os fatores que contribuíram para a (re) produção da desigualdade de gênero no âmbito da Atenção Primária à Saúde brasileira. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa da literatura, cuja amostra final foi composta por 40 artigos. A coleta de dados foi realizada nas bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Os estudos foram selecionados por meio dos descritores controlados combinados com operadores booleanos: (Gender and Health OR Género y Salud OR Gênero e Saúde) AND (Primary Health Care OR Atención Primaria de Salud OR Atenção Primária à Saúde). No corpus de analise, destacou-se a prevalência dos estudos qualitativos. Os estudos evidenciaram que, nos serviços de atenção primária, a concepção de gênero é orientado por preceitos biologizantes, frutos de um modelo de atenção em saúde biomédico que além de fragmentar as ações dos profissionais de saúde, impede que haja uma abordagem sociocultural de emancipação, corroborando assim para efetivação e naturalização da desigualdade de gênero.
Abstract Violence against women, male distancing from primary health care and discrimination against LGBTQIA+, lesbian, gay, bisexual, transgender, queer, intersex, asexual people are expressions of the social construct of gender that pose challenges to professional’s health professionals. who must develop strategies to face these social inequalities in health. The social order based in gender inequality can make it difficult the access to health services and consecutively to increase health inequities. This study aimed to identify, in literature, the factors that contributes for a (re) production of gender inequality within the scope of Primary Health Care. It was made an integrative review, which final sample was composed by 40 articles. The studies evidenced that gender is guided by biologizing precepts which comes from a biomedical model that besides breaking up the health professional’s actions, prevents that happens an emancipation socialcutural approach, and therefore it corroborates to naturalization and effectuation of gender inequality in primary health services.