Resumo: Foi avaliada a associação entre características ambientais obtidas por sensoriamento remoto e a prevalência da leishmaniose visceral canina (LVC) no bairro do Jacaré, área de recente introdução da doença, no Município de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Trata-se de um estudo seccional para avaliação da prevalência de LVC, definida por meio da positividade no teste imunocromatográfico rápido em dupla plataforma (dual path platform - DPP), confirmada com o ensaio imunoenzimático (EIE). Foram incluídos 97 cães com prevalência de LVC de 21,6%. Houve maior frequência de LVC em cães com a convivência com outro cão, gambá, mico e ouriço-terrestre, assim como com a história de remoção de outros cães com LVC do domicílio. Na análise multivariada, ajustada por sexo e idade do cão, cães residentes em áreas com maior cobertura de vegetação esparsa apresentaram prevalência da infecção por Leishmania infantum cinco vezes maior do que aqueles que residiam em áreas menos vegetadas (OR = 5,72; IC95%: 1,47-22,20). Por outro lado, áreas mais urbanizadas caracterizadas como comerciais ou residenciais carentes, identificadas pelo sensoriamento remoto como aquelas com alta densidade de estruturas cinza, estiveram associadas à menor ocorrência da LVC (OR = 0,09; IC95%: 0,01-0,92). A maior prevalência de infecção em cães convivendo com outros animais silvestres e em áreas com maior cobertura vegetal, associada com menor prevalência em áreas urbanizadas, indica um padrão rural de transmissão da LVC nessa área.
Abstract: The study assessed the association between environmental characteristics obtained by remote sensing and prevalence of canine visceral leishmaniasis (CVL) in the neighborhood of Jacaré, an area with recent introduction of the disease in the municipality (county) of Niterói, Rio de Janeiro State, Brazil. This was a cross-sectional study to assess CVL prevalence, defined as a positive result in the dual path platform (DPP) rapid immunochromatographic assay, confirmed by immunoenzymatic assay (IEA). The study included 97 dogs, with 21.6% CVL prevalence. CVL prevalence was higher in dogs with contact with another dog, opossum, marmoset, or hedgehog, as well as history of culling of other dogs with CVL from the household. In the multivariate analysis, adjusted for the dog’s sex and age, dogs in areas with sparse vegetation showed fivefold higher prevalence of Leishmania infantum infection compared to dogs in areas with less vegetation (OR = 5.72; 95%CI: 1.47-22.20). Meanwhile, less urbanized areas, characterized as commercial or low-income residential areas, identified by remote sensing as those with high density of gray structures, were associated with lower CVL prevalence (OR = 0.09; 95%CI: 0.01-0.92). The higher prevalence of infection in dogs living alongside wild animals and in areas with more vegetation and lower prevalence in more urbanized areas suggest a rural transmission pattern for CVL in this area.
Resumen: Se evaluó la asociación entre las características ambientales obtenidas por teledetección y la prevalencia de la leishmaniosis visceral canina (LVC) en el barrio de Jacaré, área de reciente introducción de la enfermedad, en el municipio de Niteroi, Estado de Río de Janeiro, Brasil. Se trata de un estudio seccional para la evaluación de la prevalencia de LVC, definida mediante la positividad en el test inmunocromatográfico rápido en una plataforma de doble vía (dual path platform - DPP), confirmada con un ensayo imunoenzimático (EIE). Se incluyeron a 97 perros con una prevalencia de LVC de un 21,6%. Hubo una mayor frecuencia de LVC en perros que conviven con otros perros, zarigüeyas, monos y erizos terrestres, así como con el historial de retirada de otros perros con LVC del domicilio. En el análisis multivariado, ajustado por sexo y edad del perro, los perros residentes en áreas con una mayor cobertura de vegetación muy dispersa presentaron una prevalencia de infección por Leishmania infantum cinco veces mayor que aquellos que residían en áreas con menos vegetación (OR = 5,72; IC95%: 1,47-22,20). Por otro lado, las áreas más urbanizadas, caracterizadas como comerciales o residenciales con pocos recursos, identificadas mediante teledetección como aquellas con una alta densidad de estructuras en gris, estuvieron asociadas a una menor ocurrencia de la LVC (OR = 0,09; IC95%: 0,01-0,92). La mayor prevalencia de infección en perros, conviviendo con otros animales silvestres y en áreas con una mayor superficie vegetal, se asocia con una menor prevalencia en áreas urbanizadas, lo que indica un padrón rural de transmisión de la LVC en ese área.