O ensino e a investigação no campo da Imunologia se inscrevem, prevalentemente, num paradigma marcial - ou belicoso -, segundo o qual as interações hospedeiro-microrganismo são vistas de acordo com uma concepção de processos de ataque-defesa. Uma vez que este saber é tradicionalmente abordado nos cursos de graduação da área de saúde, tal perspectiva tem evidente influência na formação destes profissionais, incluídos os médicos. No presente artigo, reflete-se sobre as questões pedagógicas relativas ao modelo ataque-defesa. Realizou-se uma pesquisa teórica, utilizando-se o seguinte método: (1) revisão crítica da literatura, com textos obtidos nos livros e nos capítulos de livros de Imunologia; (2) leitura crítica dos textos; (3) elaboração de síntese reflexiva sobre o tema. Identificou-se que o modelo marcial da Imunologia se apresentou hegemônico nos livros-texto consultados, estando inscrito em idêntica concepção teórica inerente à medicina ocidental, ajudando a compor a visão dos estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação e dos trabalhadores da área de saúde. É possível buscar alternativas, inclusive possibilidades para pensar a Imunologia em termos de novos modelos, em termos de homeostase e interdependência (ambos delimitando um paradigma ecológico), talvez mais propícios à abordagem das questões que ora se impõem nos seus horizontes, com inquestionáveis efeitos na educação.
Teaching and research in the field of Immunology adhere predominantly to a military or warlike paradigm, according to which the host-microorganism interactions are viewed from the perspective of attack-and-defense processes. Since such knowledge is traditionally addressed in undergraduate health courses, this perspective has an obvious impact on the training of future health professionals, including physicians. The current article reflects on the pedagogical issues pertaining to the attack-and-defense model. A theoretical inquiry was conducted according to the following method: (1) critical review of the literature, with texts obtained from books and book chapters on Immunology; (2) critical reading of the texts; and (3) elaboration of a reflexive synthesis on the theme. The military model of Immunology is hegemonic in the textbooks, consistent with the identical theoretical concept that is inherent to Western medicine, helping condition the views of undergraduate and graduate students and future health professionals. It is possible to seek alternatives, including possibilities for conceiving Immunology in terms of new models, including homeostasis and interdependence (both shaping an ecological paradigm), potentially more amenable to an approach to the issues now on the horizon, with undeniable effects on medical education.