Os autores estudaram, sob o ponto de vista liquórico, 740 casos de epilepsia, nos quais não havia sinais neurológicos que pudessem relacionar-se com as manifestações epilépticas. O líquido cefalorraqueano (LCR) foi estudado no que se refere à pressão, citologia, proteinorraquia e reações de fixação de complemento para sífilis (reações de Wassermann e Steinfeld) e cisticercose (reação de Weinberg). O LCR foi anormal em 41 casos (5,5%); na maior parte dos casos as alterações não eram específicas nem permanentes. Dentre as anormalidades, as mais freqüentes foram a hiper-citose e a hiperproteinorraquia (29,3% cada uma), seguindo-se a hipertensão (17,0%); em 24,4% dos casos em que havia alterações, foram encontradas associações de duas ou mais das anormalidades referidas. Em 3 casos (0,004%) foi positiva a reação de Weinberg. Não foram assinaladas diferenças significativas entre a incidência de convulsões ou de anormalidades eletrencefalográficas quando comparado o grupo estudado com o subgrupo de LCR anormal. Tendo em vista êsses achados, os autores concluem que as anormalidades encontradas no LCR de pacientes epilépticos não são específicas nem permanentes na maior parte dos casos. Entretanto, por terem encontrado 3 casos sem qualquer alteração neurológica, nos quais o LCR permitiu o diagnóstico de neurocisticercose, os autores sugerem que êsse exame seja feito como rotina em todos os casos de epilepsia.
In 740 cases of "essential" epilepsy, cerebrospinal fluir (CSF) was studied concerning pressure, cytology, protein content, and complement fixation tests for syphilis and cysticercosis. The CSF was abnormal in 41 cases (5.5%o); in most cases the alterations were neither specific nor permanent. Among the abnormalities the mort frequent was pleocytosis and increase of protein content (29.3% each), followed by hypertension (17.0%); in 24.4% of cases with abnormal CSF an association of these abnormalities was found. The complement fixation test for çysticercosis (Weinberg test) was positive in 3 cases (0.004%). There was no significant difference of the incidence of convulsions or electroencephalographic abnormalities between all 740 cases studied and 41 cases with abnormal CSF. These findings and the ability of neurosyphilis to give rise to epileptic symptoms only (as referred in the literature) lead the authors to the conclusion that the CSF examination is indicated in all cases of epilepsy.