CONTEXTO: O padrão alimentar ocidental é caracterizado pela ingestão de dieta rica em açúcares simples. Esta alimentação é associada com comorbidades como, por exemplo, deposição de gordura no fígado e possivelmente relacionada com a esteatose hepática não-alcoólica. OBJETIVO: Avaliar a capacidade de uma alimentação hiperglicídica induzir esteatose em ratos Wistar adultos. Após administração de uma dieta rica em hidratos de carbono, foi avaliada a presença de esteatose hepática cardíaca e a presença de antioxidantes no fígado. MÉTODOS: Quarenta e seis ratos Wistar adultos eutróficos foram utilizados no experimento. Destes, 10 animais escolhidos por meio de sorteio simples (ao acaso) foram considerados controles e os demais pertencentes ao grupo experimental. Os animais controles receberam, durante todo experimento dieta usual do biotério. Os animais do grupo experimental, durante 21 dias, receberam dieta com 70% de sacarose. Ao final os animais foram sacrificados por decapitação e suas vísceras (fígado e coração) analisada quanto ao teor de gordura. As amostras de tecido hepático foram também analisadas quanto ao teor de antioxidantes (malondialdehido e glutationa reduzida) e vitamina E. RESULTADOS: A dieta hiperglicídica induziu a deposição de gordura no fígado, sendo os vacúolos lipídicos detectados em 83% das amostras no fígado (histologia). No coração foi detectado bioquimicamente aumento do percentual de gordura, sem a detecção de vacúolos lipídico por histologia. Os teores de malondialdehido e glutationa reduzida não foram diferentes entre os animais dos grupos controle e experimental. Por outro lado, os valores de vitamina E, no grupo experimental, foram significativamente inferiores ao do grupo controle. CONCLUSÃO: A dieta hiperglicídica induziu ao esteatose hepática. No coração houve maior deposição de lípides, embora a histologia não tenha mostrado alterações. Esta deposição, tanto no coração como no fígado, não pode ser explicada pelos indicadores de oxidação utilizados. No entanto, foram observados baixos níveis de vitamina E, que pode estar associada a esta indução de esteatose, principalmente, hepática.
CONTEXT: The western dietary pattern is characterized by a high calorie intake with a high proportion of simple sugars. This diet is associated with comorbidities such as hepatic fat deposition and is possibly related to non-alcoholic fatty liver disease. OBJECTIVE: To evaluate the capacity of a hyperglucidic diet to induce steatosis in adult male Wistar rats. After the administration of a carbohydrate-rich diet, we also evaluated the presence of hepatic and cardiac steatosis and the levels of intrinsic antioxidants in the liver. METHODS: Forty-six eutrophic adult male Wistar rats were used and 10 of them were chosen, at random, to serve as controls, while the remaining ones formed the experimental group. Control animals received the standard ration offered by the animal house and the experimental group received the hyperglucidic diet. The diets were offered for 21 days and, at the end of this period, tissue samples were collected for analysis of indicators of oxidative stress (malondialdehyde, and reduced glutathione) and of vitamin E. The animals were then sacrificed by decapitation and their viscera were removed for analysis of liver and heart fat. RESULTS: The hyperglucidic diet used induced hepatic fat deposition, with lipid vacuoles being detected in 83% of the livers analyzed by histology. No lipid vacuoles were observed in the heart. Malondialdehyde and reduced glutathione levels remained unchanged when the animals were submitted to the hyperglucidic diet, probably because there was no liver development of fibrosis or inflammation. In contrast, the levels of vitamin E (antioxidant) were reduced, as confirmed in the literature for steatotic animals. CONCLUSION: The hyperglucidic diet induced hepatic steatosis. In the heart there was an increase in fat content, although no histological changes were observed. These alterations cannot be explained by the presence of malondialdehyde or reduced glutathione (indicators of oxidation), since the values were similar in the groups studied. However, a significant reduction of vitamin E was observed in the experimental group.