OBJETIVO: Estudar a prevalência de sibilância recorrente e os principais fatores associados em crianças menores de 13 anos da área urbana da Cidade de Rio Grande, Estado do Rio Grande do Sul. MÉTODO: Através de visitas domiciliares e aplicação de questionários padronizados por entrevistadores treinados, investigou-se a presença de sibilância recorrente em uma coorte iniciada em 1997 como parte de um estudo transversal de base populacional que enfocou a morbidade por doenças respiratórias em crianças entre 0 a 5 anos. Foram obtidas informações sobre as condições socioeconômicas e de moradia da família, assistência à gestação e ao parto e padrão de morbidade atual e pregressa das crianças. A análise estatística consistiu no cálculo da razão de chances (odds ratio, OR) com ajuste através de regressão logística não-condicional para potenciais fatores de confusão, conforme modelo hierárquico previamente definido. RESULTADOS: Das 775 crianças estudadas em 1997, 685 foram localizadas em 2004 (perda de 11,6%). Nesse grupo, a prevalência de sibilância recorrente atual foi de 27,9%. Os fatores de risco após a análise ajustada foram: rinite atual (OR = 45,7; IC95%: 24,2 a 86,5), uso de fogão a lenha para cozinhar (OR = 2,7; IC95%: 1,4 a 4,9), antecedente pessoal de infecção respiratória aguda (OR = 2,1; IC95%: 1,3 a 3,5), aleitamento artificial (OR = 2,1; IC95%: 1,1 a 3,8), antecedente de asma em irmãos (OR = 1,9; IC95%: 1,2 a 3,2), antecedente de asma na mãe (OR = 1,8; IC95%: 1,1 a 2,9) e menos de seis consultas de pré-natal (OR = 1,6; IC95%: 1,1 a 2,4). Escolaridade do pai < 9 anos completos representou fator de proteção para sibilância recorrente (OR = 0,6; IC95%: 0,4 a 0,9). CONCLUSÃO: Os resultados sugerem que o manejo de sibilância recorrente e asma deve contemplar a investigação e o tratamento conjunto de rinite. As ações para minimizar os efeitos da sibilância recorrente devem incluir programas educativos e terapêuticos enfocados na asma.
OBJECTIVE: To study the prevalence of and major factors associated with recurrent wheezing in children younger than 13 years of age in the urban area of Rio Grande, in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. METHODS: The presence of recurrent wheezing was investigated in a cohort as part of a cross-sectional study that was begun in 1997 that focused on the morbidity from respiratory diseases in children then between 0 and 5 years of age. During home visits in 2004 a standardized questionnaire given by trained interviewers was used to obtain information concerning the family's socioeconomic and living conditions, maternal care during pregnancy and delivery, and children's current and previous morbidity patterns. The statistical analysis included the calculation of the odds ratio (OR) and 95% confidence interval (95% CI), with nonconditional logistic regression adjustment for potential confounding factors, according to a predefined hierarchical model. RESULTS: Of the 775 children studied in 1997, 685 were located in 2004 (loss of 11.6%). In this group, the prevalence of recurrent wheezing at the time of the interview was 27.9%. After adjustment, the risk factors were: current rhinitis (OR = 45.7; 95% CI: 24.2 to 86.5), use of wood stove for cooking (OR = 2.7; 95% CI: 1.4 to 4.9), child's history of acute respiratory infection (OR = 2.1; 95% CI: 1.3 to 3.5), bottle feeding (OR = 2.1; 95% CI: 1.1 to 3.8), history of asthma in siblings (OR = 1.9; 95% CI: 1.2 to 3.2), maternal history of asthma (OR = 1.8; 95% CI: 1.1 to 2.9), and fewer than six prenatal medical consultations (OR = 1.6; 95% CI: 1.1 to 2.4). Paternal schooling < 9 years was a protective factor against recurrent wheezing (OR = 0.6; 95% CI: 0.4 to 0.9). CONCLUSIONS: These results suggest that the management of recurrent wheezing and asthma must consider checking for and simultaneously treating rhinitis. The measures to minimize the effects of recurrent wheezing should include educational and treatment programs focusing on asthma.