This article has as its main objective to associate the notions of the society of the spectacle, neoliberalism, and psychopathology. In the spectacular society, there is a supremacy of the image as the mediation of human relationships. In neoliberalism, on the other hand, we see a specific form of managing suffering, which turns the individual into something akin to a company, with risk management and performance analysis. From this, we observe a shift in the field of psychopathology, where terms like "efficiency" and "deficit" are introduced, indicating that, ultimately, everyone is disordered. Thus, in these societal molds, we perceive an individual who must increasingly demonstrate performance, updating the notion of pathology, which can be seen as one who does not produce and does not consume. In addition to this, this hegemonic discourse is supported by psychology and psychiatry themselves through the dissemination of diagnostic methods and the scientification of habits on social media, making these fields points of ideological and economic maintenance in today's society. Therefore, the individual in modernity becomes one who, exposed to diagnoses and clinical methods as if they were commodities, identifies with the diagnoses in a process that pathologizes life experiences. Faced with a demand for performance at all costs, the individual performs symptoms and diagnoses, which, being objects of consumption, can also represent social approval and no longer a reason for exclusion. Thinking in the field of psychopathology today means thinking beyond the dichotomy of health and disease but also about its capacity for social mobilization.
Esse artigo tem como principal objetivo associar as noções de sociedade do espetáculo, neoliberalismo e psicopatologia. Na sociedade espetacular, tem-se uma supremacia da imagem como mediação das relações humanas. Já no neoliberalismo, vê-se uma forma específica de gestão do sofrimento, que faz com que o sujeito seja semelhante a uma empresa, com gestão de riscos e análise de desempenho. A partir disso, observa-se uma virada no campo da psicopatologia, na qual termos como “eficiência” e “déficit” são inseridos, indicando que, em última instância, todos são transtornados. Assim, nesses moldes de sociedade, percebe-se um sujeito do qual é preciso cada vez mais demonstrar desempenho, atualizando a noção de patologia, que pode ser vista como aquele que não produz e não consome. Aliado a isso, têm-se o sustento desse discurso hegemônico pela própria psicologia e pela psiquiatria com a divulgação dos métodos diagnósticos e pela cientifização dos hábitos nas redes sociais, fazendo com que essas áreas sejam pontos de manutenção ideológica e econômica da atualidade. Assim, o sujeito na modernidade passa a ser aquele que, exposto a diagnósticos e métodos clínicos como se fossem mercadorias, se identifica com os diagnósticos em um processo que patologiza experiências da vida. Diante de uma exigência do desempenho a todo custo, o sujeito performa sintomas e diagnósticos, que sendo objetos de consumo, podem representar também aprovação social e não mais motivo de exclusão. Pensar no campo da psicopatologia hoje é pensar para além do binômio saúde e doença, mas também, na sua capacidade de mobilização social.