RESUMO Neste artigo analisamos os determinantes da confiança nos policiais das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Durante a sua existência (2008-2018), a “pacificação” foi representada, pela mídia, como um híbrido institucional que se movia entre dois extremos. Ora os policiais eram apresentados como heróis, desejados por garantirem o fim dos tiroteios e a segurança em áreas antes marcadas pela violência, ora como vilões, rechaçados pela letalidade de suas ações e pela arbitrariedade de suas abordagens. Tomando essas representações como tipos ideais, procuramos identificar os determinantes da confiança depositada nos policiais, tendo como contraponto um survey domiciliar realizado entre os anos de 2014 e 2016, com 2.000 residentes distribuídos em vinte favelas “pacificadas” na cidade do Rio de Janeiro. Os resultados indicam que os entrevistados nutrem sentimentos ambíguos pelos policiais da UPP, mediados pela percepção de que os tiroteios faziam parte da rotina da comunidade e que a “pacificação” tinha melhorado a segurança, fazendo dos policiais nem heróis e nem vilões.
ABSTRACT In this article we analyze the determinants of confidence in the Police Pacification Units ( Unidades de Polícia Pacificadora – UPPs). During their existence (2008-2018), “pacification” was represented by the media as an institutional hybrid which moved between two extremes. The police were either presented as heroes, whom people wanted to guarantee the end of shootings and ensure security in areas previously marked by violence, or as villains, rejected because of the lethality of their actions and the arbitrariness of how they dealt with people. Taking these representations as ideal types, we sought to identify the determinants of confidence in the police, with the counterpoint being a domiciliary survey carried out between 2014 and 2016 with 2000 residents distributed among twenty “pacified” favelas in the city of Rio de Janeiro. The results indicated that the respondents had ambiguous sentiments towards the UPP police, mediated by the perception that shootings were part of daily life in these communities and that the “pacification” had improved security, making the police neither heroes nor villains.
RESUMEN En este artículo, analizamos los determinantes de la confianza en los policías de las Unidades de Policía Pacificadora (UPP). Durante su existencia (2008-2018), la “pacificación” fue representada por los medios como un híbrido institucional que se movía entre dos extremos. Los policías eran presentados como héroes, deseados para garantizar el fin de los tiroteos y la seguridad en áreas antes marcadas por la violencia, pero también como villanos, rechazados por la letalidad de sus acciones y por la arbitrariedad de sus abordajes. Tomando esas representaciones como tipos ideales, buscamos identificar los determinantes de la confianza depositada en los policías, teniendo como contrapunto una encuesta domiciliaria realizada entre los años de 2014 e 2016, con 2.000 residentes distribuidos en veinte favelas “pacificadas” en la ciudad de Rio de Janeiro. Los resultados indican que los entrevistados nutren sentimientos ambiguos por los policías de la UPP, mediados por la percepción de que los tiroteos hacían parte de la rutina de la comunidad y que la “pacificación” había mejorado la seguridad, haciendo de los policías ni héroes ni villanos.
RÉSUMÉ Dans cet article, nous analysons les déterminants de la confiance à la police des Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Au cours de son existence (2008-2018), la “pacification” a été représentée, par les médias, comme un hybride institutionnel oscillant entre deux extrêmes. Parfois, les policiers étaient présentés comme des héros, obstinés a garantir la fin des tirs et la sécurité dans des zones autrefois marquées par la violence; désormais, comme des méchants, rejetés par la létalité de leurs actions et l’arbitraire de leurs approches. Prenant ces représentations comme des types idéaux, nous cherchons à identifier les déterminants de la confiance dirigée à la police, en ayant comme contrepoint une enquête auprès des ménages réalisées entre 2014 et 2016, avec 2000 habitants répartis dans vingt favelas “pacifiées” de la ville de Rio de Janeiro. Les résultats indiquent que les personnes interrogées nourrissent des sentiments ambigus pour la police de l’UPP, médiatisés par la perception que les tirs faisaient partie de la routine de la communauté et que la “pacification” avait amélioré la sécurité, faisant de la police ni héros ni méchants.