Em florestas deciduais a dispersão de sementes ocorre principalmente na estação seca e a germinação no início da estação chuvosa. O atraso das primeiras chuvas e a ocorrência de veranicos são importantes causas de mortalidade de sementes e plântulas. Armazenar sementes e plantá-las na estação chuvosa poderia aumentar a germinação e a sobrevivência de plântulas. Para isso é necessário verificar se as sementes mantêm sua germinabilidade após armazenamento. No presente estudo, investigamos se sementes de espécies arbóreas de floresta decidual alteram sua germinabilidade após i) serem armazenadas em condições naturais por três e 15 meses, e ii) em banco de germoplasma a -20 e -196 ºC. Coletamos sementes de 19 espécies de florestas estacionais deciduais do vale do rio Paranã, Goiás, nos meses de agosto a outubro de 2005. Um lote foi separado para a realização do teste de germinação, logo após a coleta. Uma quantidade deste lote permaneceu em câmaras a -20 ºC e outra foi imersa em nitrogênio liquido por 72 horas. Outros dois lotes foram armazenados em condições naturais por três e 15 meses antes do teste de germinação. Após três meses de armazenamento, apenas duas espécies, Cordia trichotoma (73 para 38%) e Copaifera langsdorffii (85 para 65%), reduziram sua germinabilidade. Após 15 meses, três espécies reduziram significativamente sua germinabilidade, Cordia trichotoma (73 para 5%), Cavanillesia arborea (77 para 12%) e Anadenanthera colubrina (93 para 76%), e duas espécies, Aspidosperma pyrifolium e Tabebuia impetiginosa, perderam completamente sua germinabilidade. As temperaturas -20 e -196ºC reduziram a germinabilidade de uma espécie cada, Tabebuia impetiginosa (90 para 70%) e Aspidosperma pyrifolium (90 para 43%), respectivamente. O ambiente natural e o armazenamento a -20 e -196ºC se mostraram eficazes quanto à preservação das qualidades fisiológicas de sementes de grande parte das espécies arbóreas de florestas estacionais deciduais do vale do rio Paranã, sendo alternativas para a conservação exsitu e para aumentar a germinação em campo em projetos de restauração via semeadura direta.
Seed dispersal in tropical deciduous forests occurs mostly in the dry season and germination at the onset of the rainy season. The delay of the first rains and dry spells are major mortality factors in dry forest regions. Storing seeds to plant during the constant rains could increase germination and seedling survival. We investigated the germination percentage of deciduous forest tree species after being stored i) at -20 ºC and -196 ºC (liquid nitrogen), and ii) at natural conditions for three and 15 months. Seeds of 19 tree species of deciduous forests of Paranã river basin, Goiás state, were collected from August to October 2005. Two experiments were run: i) storage for three and 15 months in brown bags at environmental temperature, ii) storage for 72 hours at -20 ºC cameras, liquid nitrogen (-196 ºC) and a control. Storage at environmental temperature decreased germination of only two species after three months, Cordia trichotoma (73 to 38%) and Copaifera langsdorffii (85 to 65%). Three species decreased germination after 15 months (Cordia trichotoma, 73 to 5%; Cavanillesia arborea, 77% to 12%; and Anadenanthera colubrina, 93% to 76%) and two species, Aspidosperma pyrifolium and Tabebuia impetiginosa, lost completely their germination. Temperatures -20 and -196 ºC decreased germination of only one species each, Tabebuia impetiginosa (90 to 70%) and Aspidosperma pyrifolium (90 to 43%), respectively. In general, environmental temperature storage up to 15 months and -20 and -196 ºC storage were efficient to preserve seed germinability of many dry forest tree species from Paranã river basin. These are feasible options to ex situ conservation and to increase germination for direct seeding strategies of restoration.