Resumo: Próximo a uma perspectiva Weberiana, o presente artigo propõe que a resiliência do regime angolano se deve sobretudo a um ethos estruturado no topo de uma histórica matriz sociocultural (minoritária, de início), evoluindo desde o século XVI. Esta matriz foi estruturada em uma prevalente weltanschauung (visão nacional e mundial), que tem sido progressivamente autoapresentada, autoassumida, imposta/assimilada como nacional e moderna dentro de um projeto de identidade e de um poder hegemônico, ainda que constantemente marcada por diversas tensões e contradições internas. A dinâmica desse processo é central para que se possa entender as complexidades da relação entre governantes e governados, identidades em evolução, bem como a ainda significativa base social de apoio ao partido político no poder, mesmo depois de mais de quatro décadas no governo. A resiliência do regime se encontra nesse ethos em suporte ao poder hegemônico e ao projeto de identidade, acima e além da figura do presidente e de todas as suas habilidades políticas, além da instrumentalidade central da companhia nacional de petróleo (SONANGOL), além do autoritarismo, e além do foco midiático nos nomes de influência que circundam a presidência, incluindo os homens do presidente, generais e o autoritarismo.
Abstract: Proximate to a Weberian perspective, this article argues that the resilience of the Angolan regime is mainly owed to an ethos structured on top of a specific socio-cultural historical matrix (minority at start), evolving since the 16th century. Such matrix was structured on a prevailing Weltanschauung (world and national vision), that has been progressively self-presented, self-assumed, imposed/assimilated as national and modern within a project of identity and power hegemony, even though still and constantly ridden by several internal contradictions and tensions. Dynamics of this process is central to understand the intricacies of the relationship between rulers and ruled, evolving identities as well as the still significant social support to the party in power after more than four decades in the government. The regime’s resilience lays on such ethos in support of hegemonic power and identity project, above and beyond the president and all his political management abilities, beyond the central instrumentality of the national oil company (SONANGOL), beyond the media spotlight on influential names surrounding the presidency, including the president’s men, generals, and beyond authoritarianism.