Resumo O presente artigo pretende contribuir para o debate sobre segurança pública a partir da análise do caso da Praça Sete Jovens, situada na periferia da região Norte do município de São Paulo. A Praça é arena de disputa de sentidos na produção do espaço público e da memória coletiva e foi palco de uma chacina contra jovens da região em 2014. O nome da Praça é uma homenagem a sete jovens atingidos por outra chacina ocorrida em 2007 na mesma região. Esta pesquisa produziu uma narrativa da história das lutas pela ocupação da Praça tendo como objeto a trama discursiva relativa à chacina e como eixo analítico a problematização dos regimes de verdade, na perspectiva de Foucault. Para a construção desta narrativa, realizamos, durante o ano de 2016, entrevistas com nove moradores com base na metodologia da história oral e experimentações etnográficas na região, especialmente em torno da Praça. Tais incursões foram registradas em diário de campo. Neste percurso, foi identificado um conjunto de medidas de segurança para o controle da população pobre, principalmente negra, e da sua circulação, especialmente na forma de “operações urbanas” e “projetos sociais” que articulam “segurança e cidadania” e realizam o controle a céu aberto. Tais “operações” são objeto de discussão no artigo que articula as disputas locais à intersecção historicamente construída no Brasil entre periculosidade, raça e pobreza, e entre controle social e discurso do crime.
Abstract Based on the analysis of the case of Sete Jovens Square, located on the outskirts of the northern São Paulo city, this paper aims at contributing to the debate on public security. The Square, which was the stage of a massacre against local young people in 2014, is an arena of a dispute of senses associated to the production of public space and collective memory. The name of the Square is a tribute to the seven young people hit by another slaughter, in 2007, in the same neighborhood. This research produced a narrative of the struggle history for the occupation of the Square, having the discursive plot related to the slaughter as its object and the problematization of the regimes of truth, in Foucault’s perspective, as its analytical axis. For the construction of this narrative, we conducted interviews with nine residents based on the methodology of oral history and ethnographic experiments in the region, especially in the surroundings of the Square, during 2016. These incursions were recorded in field journals. In this journey, a set of security measures for the control of the poor population, preponderantly black, and for its circulation, were observed, especially in the form of “urban operations” and “social projects” which articulate “security and citizenship” and open air control. Such “operations” are the subject of consideration in the article that articulates the local disputes to the historically built intersection in Brazil between dangerousness, race and poverty, and between social control and crime discourse.
Resumen El presente artículo pretende contribuir al debate sobre seguridad pública a partir del análisis del caso de la Plaza Sete Jovens, situada en la periferia de la región Norte del municipio de São Paulo. La plaza es una arena de disputa de sentidos en la producción del espacio público y de la memoria colectiva y fue escenario de una matanza contra jóvenes de la región en 2014. El nombre de la Plaza es un homenaje a siete jóvenes afectados por otra matanza ocurrida en 2007 en la misma región. Esta investigación produjo una narrativa de la historia de las luchas por la ocupación de la Plaza teniendo como objeto la trama discursiva relativa a la matanza y como eje analítico la problematización de los regímenes de verdad desde la perspectiva de Foucault. Para la construcción de esta narrativa, realizamos, durante el año 2016, entrevistas con nueve residentes locales con base en la metodología de la historia oral y experimentaciones etnográficas en la región, especialmente en torno a la Plaza. Tales incursiones fueron registradas en diario de campo. Se identificaron un conjunto de medidas de seguridad para el control de la población pobre, principalmente negra, y de su circulación especialmente en la forma de “operaciones urbanas” y “proyectos sociales” que articulan “seguridad y ciudadanía” y realizan el control a cielo abierto. Tales “operaciones” son objeto de discusión en el artículo que articula las disputas locales a la intersección históricamente construida en Brasil entre peligrosidad, raza y pobreza y entre control social y discurso del crimen.