A introdução da imunoglobulina anti-D diminuiu a incidência da doença hemolítica neonatal por isoimunização Rh, porém persiste este diagnóstico por outros anticorpos mais raros e o avanço tecnológico tornou possível a detecção destes anticorpos. OBJETIVOS: Verificar a prevalência de marcadores imuno-hematológicos, representados pelos testes de Coombs indireto, direto e de eluição com identificação do anticorpo detectado; incidência de doença hemolítica e de tratamento entre os recém-nascidos sensibilizados. MÉTODOS: Estudo do tipo Coorte retrospectiva, de janeiro de 1996 a julho de 1998, consistiu na descrição da análise dos perfis imuno-hematológicos de 1698 pares de mães e recém-nascidos como fator de risco para doença hemolítica, subdivididos de acordo com os marcadores. A metodologia empregada para identificação dos marcadores foi o da microplaca com hemácias de triagem, soro antiglobulina humana e gel centrifugação. Para tipagens e fenotipagens utilizou-se o método de microplaca com soros monoclonais. Para o estudo da incidência e seguimento neonatal foram realizadas bilirrubinas totais e frações, por método enzimático colorímetro, hemoglobina e hematócrito, automatizado e reticulócitos, por coloração supra vital, azul cresil brilhante e leitura por microscopia óptica. RESULTADOS: A prevalência de marcadores imuno-hematológicos associados à doença hemolítica foi de 9,07%. Por grupos estratificados obtivemos no grupo com Coombs indireto (grupo I) 0,43%; no grupo com Coombs direto (grupo D), 4,10% e no grupo com eluição (grupo E) 4,53%. A incidência de doença hemolítica no estudo foi de 36,23%. Quando estratificada por grupos, obtivemos no grupo I, 33,56%, no grupo D, 44,43% e no grupo E, 29,24%. O tratamento com fototerapia foi necessário em 36,23% dos RN, sendo maior sua indicação no grupo D e a exsangüíneotransfusão foi necessária em 0,88% dos RN, sendo maior sua indicação no grupo I. CONCLUSÕES: O grupo I, onde se concentram as incompatibilidades Rh, apresentou maior incidência de doença hemolítica e maior necessidade de tratamento com exsangüíneotransfusão, o que mostra ainda a gravidade deste sistema em nosso meio. O grupo D, onde se concentram as incompatibilidades ABO, apresentou maior incidência de doença hemolítica e tratamento com fototerapia e menor necessidade de exsangüíneotransfusão.
The administration of anti-D globulin to the mothers has decreased the incidence of Rh hemolytic disease but the improvement of technologic assays has made it possible to identify several hemolytics diseases of the newborn. BACKGROUND: To identify the prevalence of immunohematologic tests demonstrated by indirect (IC), direct (DC) and elution tests; to identify the incidence of hemolytic disease and its treatment (phototherapy and/or exchange transfusion) in neonates with hemolytic disease. This is a retrospective cohort-study performed from January 1st 1996 to July 1st 1998. METHODS: This is a descriptive study of the immunohematologic profile of 1698 mothers and their offsprings, as risk factors for developing hemolytic disease. The inclusion criteria were the positivity of the indirect (IC) and direct (DC) Coombs tests and elution tests. Based on the inclusion criteria three group of infants were analyzed: Group I was composed of 149 offsprings of Coombs-positive mothers (IC+) with antibodies associated with neonatal hemolytic disease. This group was further divided into two groups: Group I-A (IC+DC+) was composed of 83 Coombs-positive offsprings (DC+) of Coombs-positive mothers (IC+) and Group I-B (IC+DC-) was composed of 66 Coombs-negative offsprings (DC-) of Coombs-positive mothers (IC+); Group D was composed of 736 Coombs-positive offspring's of Coombs-negative mothers (IC-); and Group E was composed of 807 Coombs-negative and elution-positive offspring's of Coombs-negative mothers. RESULTS: This study shown that the overall prevalence of immunohematologic tests associated with hemolytic disease was 9.07% (3212/35429), 0.43% (154/35429) among offsprings of Coombs-positive mothers, 4.10% (1453/35429) among Coombs-positive infants, and 4.53% (1605/35429) among elution-positive infants. The overall incidence of hemolytic disease was 36.23% (613/1692), 33.56% (50/149) among offspring's of Coombs-positive mothers, 44.43% (327/736) among Coombs-positive infants, and 29.24% (236/807) among elution-positive infants. The overall incidence of phototherapy among infants with hemolytic disease was 36.23% (613/1692), 49.40% (41/83) in group I-A (IC+DC+), 13.64% (9/66) in group I-B(IC+DC-), 44.43% (327/736) in group D, and 29.24% (236/807) in group E. The overall incidence of exchange transfusion among infants with hemolytic disease was 0.88% (15/1692), 14.46% (12/83) in group I-A (IC+DC+), 0% (0/66) in group I-B (IC+DC-), 0.27% (2/736) in group D, and 0.12% (1/807) in group E. CONCLUSIONS: The results of this study allowed us to conclude that the overall prevalence of immunohematologic tests associated with hemolytic disease was 9.07% (3212/35429) and the overall incidence of hemolytic disease was 36.23% (613/1692) in this study-group. The highest incidences of hemolytic disease and phototherapy were observed among Coombs-positive offsprings of Coombs-positive mothers.