Resumen: basado en datos de tres poblaciones indígenas de diferentes regiones e idiomas -palikur- arukwayene (arawak), kujubim (txapakura) y karitiana (tupi-arikêm)- este artículo busca dilucidar algunas cuestiones sobre la posición de los perros (Canis lupus familiaris) en los mundos amerindios. Centrándose en la preparación de perros cazadores, nuestro objetivo es discutir recurrencias en los tratamientos dirigidos a la creación de perros de caza: la diferencia entre perros que cazan y los que no cazan; el perro como compañero de caza que necesita ser hecho, y las técnicas de preparación de perros, que implican la conjunción de estos animales con partes del cuerpo de otros seres para comunicar afectos. Estos temas apuntan también a una cuarta recurrencia: si bien son animales domésticos y en cierto sentido, humanizados, los perros deben haber cultivado un devenir animal, para ser buenos cazadores. Existe un equilibrio constante entre domesticar y animalizar perros, en la búsqueda de un equilibrio precario entre lo animal y lo humano, similar a la constitución de la persona humana.
Abstract: based on data on three Amerindian populations from different regions and languages-Palikur-Arukwayene (Arawak), Kujubim (Txapakura) and Karitiana (Tupi-Arikêm)- this article seeks to illuminate some issues concerning the position of domestic dogs (Canis lupus familiaris) in Amerindian worlds. With a focus on the preparation of hunting dogs, our goal is to discuss the existence of recurrences in treatments aimed at making dogs good hunters: the difference between dogs that hunt and dogs that do not hunt; the dog as a hunting companion that needs to be made; and the techniques of preparing dogs through the conjunction between these animals and parts of other beings’ bodies. These themes point to a fourth recurrence: although domestic and ‘humanized’ animals, dogs must have induced an animal becoming, so that they can become efficient hunters. There is a constant balance between taming and animalizing dogs, in the search for a precarious balance between animal and human that is similar to the constitution of human persons.
Resumo: Com dados sobre três populações ameríndias de regiões e línguas distintas -Palikur- Arukwayene (Arawak), Kujubim (Txapakura) e Karitiana (Tupi-Arikêm)- este artigo busca iluminar questões concernentes à posição dos cachorros (Canis lupus familiaris) nos mundos ameríndios. Nosso objetivo é discutir algumas recorrências nos tratamentos destinados à hacer cachorros cazadores: a diferença entre cães que caçam e que não caçam; o cachorro como um companheiro de caça que precisa ser feito/preparado; e as técnicas de preparação de cães via conjunção entre esses animais domésticos e partes de corpos de outros seres de modo a comunicar afecções. Esses temas apontam, ainda, para uma quarta recorrência: embora animais familiares e, em certo sentido, humanizados, os cachorros indígenas devem ter cultivado um devir animal, para que logrem perseguir com eficiência suas presas. Verifica- se um balanço entre amansar e animalizar os cães, na busca por um equilíbrio, precário, entre o animal e o humano, similar à constituição de pessoas humanas.