Resumo Este trabalho trata de uma experiência inovadora em relação a critérios para colheita de árvores em floresta natural degradada na Amazônia. A pesquisa foi desenvolvida em 535,6 ha de floresta na Fazenda Shet, em Dom Eliseu - PA, usando a base de dados do censo florestal referente a árvores com DAP ≥ 25 cm. Os critérios para colheita das árvores consideraram, prioritariamente, os seguintes elementos: grau de sanidade, qualidade do fuste (2 e 3), diâmetro máximo a permanecer na floresta (DAP < 100 cm), árvores de menor diâmetro (25 ≥ DAP ≤ 55 cm), espécies com maior densidade de árvores por unidade de área, distribuição diamétrica, segundo o coeficiente de Liocourt, manutenção das espécies intensamente exploradas no passado e com população de árvores ≤ 0,15 arv.ha-1. Foram inventariadas 46.012 árvores, pertencentes a 106 espécies, e planejadas para colheita 23,19% (10.671 árvores), aos 12 anos após a exploração anterior. Baseando-se no planejamento da colheita e seguindo os critérios, a previsão de colheita em relação à população total inventariada teve como resultado: 2,16% árvores pelo critério de sanidade; 15,45% pela forma de fuste; 0,26% pelo diâmetro máximo; 93,93% pelo menor diâmetro; 57,5% pela densidade arbórea; e 5,04% pela manutenção das espécies. A colheita foi realizada em 98,79% das árvores com sanidade comprometida; 22,20% com fuste 2 e 3; 97,39% com diâmetro máximo; 95,02% com menor diâmetro; e 90,30% com maior densidade arbórea. Foram mantidas 98,14% das espécies Astronium lecointei, Cordia goeldiana, Copaifera sp., Hymenaea courbaril, Hymenolobium petraeum, Handroanthus serratifolius e Manilkara elata, intensivamente exploradas no passado, e 98,70% de outras 53 espécies com menor abundância (≤ 0,15 arv.ha-1). O planejamento da exploração seguindo os critérios de colheita propostos possibilitou a extração de árvores em ciclos de 10 a 12 anos, sendo um tempo menor que o previsto pela legislação. A manutenção da diversidade de espécies arbóreas e a conservação da floresta em pé, previstas com esses critérios técnicos, podem ser alternativas para o manejo florestal ecológica e economicamente viável.
Abstract This paper deals with an innovative experience regarding tree harvesting criteria in degraded natural forest in the Amazon. The research was carried out in 535.6 ha of forest at Fazenda Shet, in Dom Eliseu/PA state, using the database of forest census for trees with DBH ≥ 25 cm. Criteria for tree harvesting considered, as a priority, the following elements: degree of health, shape of stem (2 and 3), maximum diameter to remain in the forest (DBH = 100 cm), smaller diameter trees (25 ≥ DBH ≤ 55 cm), species with higher tree density per unit area, diameter distribution according to the Liocourt coefficient, maintenance of intensively exploited species in the past and tree population ≤ 0.15 arv.ha-1. A total of 46,012 trees belonging to 106 species were inventoried and planned for harvest 23.19% (10,671 trees) at 12 years after the previous harvest. Based on harvest planning and following the criteria, the harvest forecast in relation to the total inventoried population resulted in: 2.16% trees by the criterion of health; 15.45% for the shape of stem; 0.26% by the maximum diameter; 93.93% for the smallest diameter; 57.5% for the tree density; and 5.04% for the maintenance of the species. Harvesting was performed on 98.79% of trees with compromised health; 22.20% with stem 2 and 3; 97.39% with maximum diameter; 95.02% with smaller diameter; and 90.30% with higher tree density. Were kept 98.14% of the species Astronium lecointei, Cordia goeldiana, Copaifera sp., Hymenaea courbaril, Hymenolobium petraeum, Handrohanthus serratifolius and Manilkara elata, intensively exploited in the past, and 98.70% of 53 other species with less abundance (≤ 0.15 arv.ha-1). The exploration planning following the proposed harvesting criteria allowed the extraction of trees in cycles of 10 to 12 years, being a shorter time than the one foreseen by the legislation. The maintenance of tree species diversity and forest conservation, provided for with these technical criteria, may be alternatives to ecologically and economically viable forest management.