Objetivo: O presente estudo visa avaliar a incidência de infecções, os agentes etiológicos, e a apresentação clínica e a morbi-mortalidade operatória nos pacientes submetidos a transplante cardíaco na Universidade Federal de São Paulo. Casuística e Métodos: No período de novembro de 1996 a junho de 1998, 97 pacientes transplantados pela equipe de Cirurgia Cardiovascular da UNIFESP sobreviveram por período superior a uma semana após o transplante e foram analisados, retrospectivamente, quanto aos processos infecciosos diagnosticados. A idade dos pacientes variou de 3 a 63 anos (média de 44,4 ± 13,0 anos), sendo que a maioria apresentava miocardiopatia dilatada (46), seguida de chagásica (24) e isquêmica (23). O tempo de seguimento variou de 0,33 a 119 meses (36 ± 30,7 meses). Resultados: Dos 97 pacientes estudados, 16 (16,4%) morreram, sendo infecção a principal causa, seguido pela rejeição em 10 (10,30%). As causas de óbito por infecção foram: sepse bacteriana em 6 pacientes, pneumonia em outros 6, infecção intra-abdominal em 2, toxoplasmose disseminada em 1 e infecção pelo citomegalovírus em 1. Ocorreram 142 episódios infecciosos diagnosticados distribuídos da seguinte forma: bacterianos 76 (52,5%); virais 34 (28,8%); fúngicos 20 (17,5%) e protozoários 12 (12,4%). Houve 8 episódios de reativação da doença de Chagas (média 4,9 meses após o transplante) diagnosticados principalmente através do aparecimento de nódulos subcutâneos. Todos os casos de reativação foram tratados com alopurinol e evoluíram bem. Conclusão: Os dados apresentados mostraram o predomínio de infecções bacterianas que causaram maior mortalidade. Nos transplantados por doença de Chagas a reativação da doença pode ser controlada adequadamente com uso de alopurinol. Os dados são importantes para orientação em nossa comunidade dos programas de transplantes, uma vez que traz à tona particularidades do nosso meio.
Objective: To evaluate the incidence of infection, the etiological agents, to present the clinical aspects and the surgical morbi-mortality in patients who underwent cardiac transplant at Federal University of São Paulo. Material and Methods: From November 1966 to June 1998, a total of 97 patients were operated by the UNIFESP Cardiovascular Surgery team and survived longer than 1 week after the transplantation and were studied retrospectively as far as infections. The age of the patients ranged from 3 to 63 years (average 44.4 ± 13 years). Most of the patients had dilated myocardiopathy (46), or Chagas (24) or ischemis (23). The follow up ranged from 0.33 to 119 months (36 ± 30.7 months) Results: Of the 97 patients, 16 (16.4%) had infection as the main cause of death, followed by rejection in 10 (10.3%). The causes of infection were: bacterial sepsis in 6 patients, pneumonia in 6, intra-abdominal infection in 2, toxoplasmosis in 1 and cytomegalovirus infection in 1. There were 142 infection episodes, bacterial 76 (52.5%), viral 34 (28.8%), fungi 20 (17.5%) and protozoa 12 (12.4%). There were 8 episodes of the reactivation were treated successfully with alopurinol. Conclusions: Our data showed the predominance of bacterial infections as the cause of most mortality. In transplanted patients suffering from Chagas´disease, the reactivation of the disease may be adequately controlled by means of alopurinol. Such data serve as orientation in our community for our programs of transplants, since they show particular aspects of our enviroment.