A análise do tratamento cirúrgico de doentes portadores de pancreatite biliar mostra a existência de controvérsias em relação à oportunidade da intervenção, principalmente se deve ser precoce ou postergada. Do mesmo modo, a possibilidade do emprego de procedimentos endoscópicos no pré, intra ou pós-operatório e o advento da videolaparoscopia, trouxeram novos aspectos à discussão. Não existe consenso sobre a escolha da melhor conduta. Em função disso, analisamos retrospectivamente os resultados imediatos de 107 doentes portadores de forma leve de pancreatite, todos com menos de três sinais de gravidade, segundo o critério de estratificação proposto por Ranson, e que foram submetidos ao tratamento cirúrgico postergado na mesma internação, no período de janeiro de 1988 a maio de 1999, tanto por via convencional como por via laparoscópica. Desses, 80 doentes (75%) eram do sexo feminino, 90% da raça branca e a média de idade foi de 46 anos. Os doentes foram operados em média após 9,5 dias de internação e receberam alta hospitalar após 2,9 dias, o que resultou numa permanência hospitalar média de 12,6 dias. A colangiografia intra-operatória foi realizada em 102 casos (96%) e a colangiografia endoscópica pré-operatória em 24 doentes (22,4%). Os resultados mostraram incidência de coledocolitíase em 25 casos (23%), taxa de morbidade de 12% e mortalidade nula. Dos 107 casos estudados, 64 (60%) foram operados pela via de acesso convencional e 43 (40%) pela via laparoscópica. A comparação dos resultados entre as vias de acesso empregadas mostrou diferença estatística significante em relação ao intervalo de tempo pós-operatório, que foi menor nos doentes submetidos à via de acesso laparoscópica. Concluímos, assim, que o tratamento cirúrgico postergado de doentes portadores de pancreatite biliar na forma leve apresenta baixas morbidade e mortalidade e pode ser feito tanto pela via convencional como pela via laparoscópica. A presença de coledocolitíase, nesta casuística, não contribuiu para aumentar os índices de complicações pós-operatórias e nem a mortalidade.
A great deal of controversy still exists with regard to the surgical treatment of biliary pancreatitis. The question of the choice between an early intervention upon admission versus delayed operation performed during the same admission is still open to debate. The use of endoscopic procedures in any phase of the treatment, as well as new surgical approaches such as laparoscopic surgery show that the question on the most appropriate surgical treatment of biliary pancreatitis is far from it's end. In order to answer some of these questions, we retrospectively analized the early results of delayed conventional or laparoscopic operation in 107 patients with mild pancreatitis during a 9-year approach. Eighty patients were female and the mean age of the group was 46 years. Mean clinical manifestation time before arriving hospital the was 3,1 days, and after a mean hospitalization of 9,5 days the patients underwent surgical treatment. Intra-operative colangiography was performed in 102 patients and pre operative endoscopic colangiography in 24. The incidence of choledocolithiasis in this study was 23%, and morbidity was observed in 12%. There was no mortality. In 64 patients conventional surgical treatment was employed while in 43 cases laparoscopic treatment was used. Results show significant statistic difference in the post operative hospital stay wich was shorter in the laparoscopic group. We concluded that a delayed surgical treatment for mild biliary pancretatitis has low morbidity and mortality, and can be performed by conventional or laparoscopic aproaches and choledocolithiasis did not increase morbidity or mortality.