Resumo Resumo: O que é o local? Esta é uma das questões mais controversas que a virada local para construção da paz enfrenta. Para alguns, o local se refere a instituições e movimentos sociais, enquanto outros o entendem como redes ou processos em fluxo. Os críticos argumentam, entre outros pontos, que essa literatura tende a reificar o binário internacional-local, enquanto outros enfatizam a incoerência de adotar ontologias antifundacionalistas ao defender a possibilidade de emancipação. Neste artigo, discuto esses assuntos mediante a teoria política de Ernesto Laclau e proponho enquadrar o local como uma forma de identidade coletiva não essencialista. Para isso, reviso as contribuições recentes àvirada local e identifico algumas de suas controvérsias. Considerando a lacuna teórica encontrada, proponho conceitos laclaunianos, como povo, antagonismo e hegemonia, como alternativas conceituais. Por fim, apresento algumas consequências para o estudo da construção da paz que esse tipo de discussão pode abrir.
Abstract What is the local? This is one of the most controversial questions the local turn in peacebuilding faces. For some, the local refers to institutions and social movements, while others understand it as networks or processes in flux. Critics argue, among other points, that this literature tends to reify an international-local binary, whereas others emphasize the incoherence of adopting anti-foundationalist ontologies while defending the possibility of emancipation. In this article, I discuss these subjects through the lens of Ernesto Laclau’s political theory and propose to frame the local as a form of non-essentialist collective identity. To do this, I review recent contributions to the local turn and identify some of its controversies. Considering the theoretical lacuna found, I propose Laclaunian concepts, such as the people, antagonism, and hegemony, as conceptual alternatives. Finally, I present some consequences to the study of peacebuilding which this type of discussion might open.
