RESUMO O meretrício foi uma realidade no território minerador durante o Setecentos. Mas esta atividade muitas vezes foi confundida com outros comportamentos sociais mais visíveis, como o concubinato, os “tratos ilícitos”, o adultério ou as relações entre pessoas desiguais. Aqui se argumenta que a prática social de sexo por “oitavas” era um meio de adquirir recursos, num contexto de economia mineradora e escravista, onde havia grande circulação de riquezas. Analiso termos, diálogos e valores que fundamentam o lugar econômico do meretrício na capitania de Minas Gerais durante a primeira metade do século XVIII, utilizando como fonte as visitas pastorais e um dicionário produzido por Antônio da Costa Peixoto em Vila Rica, Minas Gerais, no qual o autor apresenta frases e termos da “língua mina”, idioma do grupo Gbe da África Ocidental, traduzidas para “palavras portuguesas correspondentes”.
ABSTRACT Prostitution was a reality in mining territory during the Eighteenth Century. However, this activity was often confused with other more visible social behaviours, such as concubinage, “illicit dealings”, adultery or relationships between unequal people. I argue that the social practice of sex by “octaves” was a means of acquiring resources, in a context of a mining and slave economy, where there was great circulation of wealth. I analyse terms, dialogues and values that underlay the economic place of prostitution in the captaincy of Minas Gerais during the first half of the Eighteenth Century, using as a source pastoral visits and a dictionary produced by Antônio da Costa Peixoto in Vila Rica, Minas Gerais, in which the author presents phrases and terms from the mina language, spoken by the Gbe group of West Africa, translated into “corresponding Portuguese words”.