OBJETIVOS: Este estudo teve como objetivo avaliar, através de um experimento com intervalos amostrais curtos, (1) os efeitos da qualidade dos detritos no consumo de oxigênio dissolvido (OD), sobre a formação de carbono inorgânico dissolvido (CID) e na relação estequiométrica entre o OD consumido e o carbono mineralizado (O/C ratio) durante a lixiviação de detritos de plantas no início da decomposição; (2) a variação temporal das variáveis mencionadas acima de acordo com as alterações na qualidade de cada detrito ao longo do tempo. MÉTODOS: Os detritos de folhas, galhos e serapilheira (3 g) previamente secos foram incubados em câmaras de mineralização contendo 1 L de inóculo. As câmaras foram mantidas a 24 ± 2 °C, em condição aeróbia. As concentrações de OD, carbono orgânico dissolvido (COD) e CID foram avaliadas. O consumo de OD foi ajustado a um modelo cinético de primeira ordem. As taxas horárias de consumo de OD e produção de CID e as razões O/C foram determinadas. RESULTADOS: O consumo de OD (2,62 mg.g-1) e a produção de CID (1,20 mg.g-1) foram maiores na decomposição das folhas, e menores na serapilheira (1,50 mg.g-1 e 0,42 mg.g-1, respectivamente). Inversamente, a razão O/C foi maior na decomposição da serapilheira (3,56). As taxas de consumo de OD (0,50 mg.g-1.h-1) e de produção de CID (0,41 mg.g-1.h-1) foram maiores no início da decomposição do detrito de folhas. CONCLUSÕES: Intervalos amostrais curtos são fundamentais para a compreensão da dinâmica de decomposição na fase de lixiviação. O maior consumo de OD na decomposição das folhas indicou maior teor de compostos lábeis nesse detrito. As maiores razões O/C na decomposição da serapilheira podem ser atribuídas ao seu maior teor de substâncias refratárias. As variações nas taxas de consumo de OD e nas razões O/C sugerem que o lixiviado é heterogêneo, compreendendo substâncias lábeis e refratárias, assim como o detrito como um todo. Em termos de alterações da qualidade da água, as folhas constituíram o recurso mais crítico e a serapilheira apresentou os menores efeitos.
AIMS: This study aimed to evaluate, through an experiment with short sampling intervals, (1) the effects of detritus quality on dissolved oxygen (DO) consumption, on dissolved inorganic carbon (DIC) formation and on the stoichiometric ratio between the DO consumed and mineralized carbon (O/C ratio) during leaching of plant detritus in the early decomposition; (2) the temporal variation of the variables mentioned above according to changes in the quality of each detritus over time. METHODS: The detritus of leaves, branches and litter (3 g) previously dried were incubated in decomposition chambers containing 1 L of inoculum. The chambers were maintained at 24 ± 2 °C in aerobic condition. The DO concentrations dissolved organic carbon (DOC) and DIC were evaluated. The consumption of DO was adjusted to a first-order kinetic model. The hourly rates of DO consumption, DIC production and O/C ratios were determined. RESULTS: The DO consumption (2.62 mg.g-1) and DIC production (1.20 mg.g-1) were higher in leaves decomposition, and smaller in litter (1.50 and 0.42 mg.g-1, respectively). Inversely, the O/C ratio was higher in the decomposition of litter (3.56). The rates of DO consumption (0.50 mg.g-1.h-1) and DIC production (0.41 mg.g-1.h-1) were greatest in the early decomposition of leaves. CONCLUSIONS: Short sampling intervals are key to understanding the dynamics of decomposition in the leaching phase. Higher consumption of DO in leaves decomposition indicated a higher content of labile compounds in this detritus. The highest O/C ratios in the litter decomposition can be attributed to its higher content of refractory substances. Variations in DO consumption rates and in O/C ratios over time suggest that the leachate is heterogeneous, comprising labile and refractory fractions, analogous to the detritus as a whole. In terms of water quality alterations, leaves constituted the most critical resource and the litter presented less pronounced effects.