Resumo O artigo examina a difusão e apropriação dos princípios dominantes no ideário urbanístico internacional, entre anos 1910-1930, pelos urbanistas pioneiros em São Paulo, Brasil: Victor Freire, Prestes Maia, Ulhoa Cintra e Anhaia Mello. A formação acadêmica desses pioneiros está diretamente associada ao repertório de cursos de engenharia e associações profissionais. Quando o debate público sobre questões urbanas se tornou intenso, é importante registrar a presença do urbanista inglês Barry Parker, que viveu por dois anos em São Paulo, implantando projetos inovadores e debatendo com planejadores locais. O acesso a manuais e revistas técnicas, assim como a participação desses profissionais em seminários internacionais, levou à difusão desse ideário e seus consequentes ensaios de aplicação em diversos campos: regulamentação urbana, projetos em áreas centrais, habitação, saneamento, extensão urbana, planos urbanísticos e gestão. O estudo desses discursos, da apropriação do ideário e as contradições entre práticas, atores e referências exigem um esforço conceitual e metodológico baseado em uma dimensão histórica da “circulação” de ideais ou seus limites de inteligibilidade e recepção em outras escalas de tempo e lugar, como a proposta neste artigo.
Abstract This paper examines how some pioneering planners in the Brazilian state of São Paulo, Victor Freire, Prestes Maia, Ulhoa Cintra, and Anhaia Mello disseminated and appropriated the dominant principles of international urbanism in the period 1910-1930. The education in city planning is directly associated with the repertoire of engineering courses and professional associations. In this environment, where public debates on urban issues were intense, it is worth noting the presence of English urbanist Barry Parker, who lived for two years in São Paulo, implementing innovative projects and debating with local planners. The access to urban planning manuals and reviews, and the presence of these Brazilian professionals in international seminars, led to the dissemination of the international ideals and some resulting essays on the way these ideals could be applied in many fields: urban regulations, projects in downtown areas, housing, sanitation, town extension plans, city management, zoning, among others. Contradictions among practices, actors and references are requesting a conceptual and methodological effort attentive to the historical dimension of the “circulation” of ideals or their limits of intelligibility and reception in other scales of time and place, such as the one proposed in this paper.