O artigo é o produto de uma pesquisa realizada nas duas principais casas legislativas do Estado: a Assembléia Legislativa (ALMT) e a Câmara Municipal de Cuiabá (CMC). Ao todo, foram pesquisados 20 anos na ALMT e 22 na CMC, totalizando cinco legislaturas em cada uma das casas, a partir de 1983. Reflete sobre o perfil dos parlamentos mato-grossense e cuiabano a partir da composição partidária, das profissões de origem e das experiências com organizações coletivas, entre outros; identificando a enorme capacidade de perpetuação no poder por parte dos parlamentares, seja por meio do processo eleitoral, seja por meio da direção de empresas estatais. Valendo-nos especialmente de Claus Offe e Max Weber, confrontamos tanto o pressuposto de Offe, segundo o qual os empresários valem-se das estruturas de poder para promover a valorização do capital, quanto o weberiano, segundo o qual os políticos vocacionais são aqueles que vivem para a política e, portanto, têm recursos materiais que lhes garantem independência, diferentemente daqueles que vivem da política, ou seja, da qual dependem para a própria sobrevivência. A análise dos dados da pesquisa efetuada permitiu-me identificar fortes elementos que corroboram o primeiro pressuposto, mas põe em xeque a validade do segundo. Ao consolidar os meios de manter-se no arranjo institucional, seja via reeleição, pela disputa por outros cargos eletivos seja, ainda, via exercício de direção de secretarias e/ou demais órgãos públicos, esses parlamentares também vão tecendo os instrumentos legislativos que garantem a preservação e a ampliação de seus interesses particulares e de classe; como, aliás, bem identificou Claus Offe. Assim, ao passar a viverem para a política tais políticos passam, também, a viver da política.
This article is the result of research carried out in the two main legislative houses of the state of Mato Grosso: the Legislature (Assembléia Legislativa (ALMT)) - and the Municipal Chamber of Cuiabá (Câmara Municipal de Cuiabá (CMC)). Altogether, 20 years were covered in the ALMT and 22 in the CMC, totaling five legislative periods in each of the houses, as of 1983. It reflects on the profile of these parliaments through political party composition, professional background and the experiences of collective organizations, among others, identifying the enormous ability to perpetuate power on the part of members of the parliament, whether through the electoral process or through the management of state enterprises. Making particular use of the works of Claus Offe and Max Weber, we confront both Offe's premises, according to which entrepreneurs use power structures to promote valorization of capital, and Weber's. In the latter's view, those with a political vocation are those that live for politics and therefore, have the material resources that guarantee their independence, which is different from those who live from politics, in other words, those who depend upon politics for their survival. Analysis of research data enable us to identify strong elements that would corroborate the first premise, but cast doubt on the second. In consolidating the means to conserve institutional arrangements, whether by re-election, campaign for a new elected office or through exercising administrative positions within government organs, these members of parliament are putting together their legislative tools for the preservation and widening of their private and class interests, just as Claus Offe has identified. Thus, as they come to live for politics, they in turn also begin to live from politics.
L'article est le produit d'une recherche menée dans les deux principales maisons législatives de l'état de Mato Grosso : l'assemblée législative (ALMT) et la chambre municipale de Cuiabá (CMC). Vingt années à l'AMLT et vingt-deux années à la CMC ont été étudiées, ce qui représente cinq législatures dans chacune des maisons, à partir de 1983. L'article examine le profil des parlamentaires de Mato Grosso et de Cuiabá à partir de la composition partidaire, des professions d'origine et de leurs expériences avec les organisations collectives, entre autres ; il identifie l'immense capacité de périnnisation au pouvoir de la part des parlamentaires, soit au moyen d'un processus électoral, soit au moyen de la direction d'entreprises publiques. En faisant appel à Claus Offe et à Max Weber, nous examinons aussi bien la prémisse d'Offe, selon laquelle les entrepreneurs ont recours à des structures de pouvoir pour promouvoir la valorisation du capital, que celle de Weber, selon laquelle les hommes politiques par vocation sont ceux qui vivent pour la politique et qui ont les moyens qui leur assurent l'autonomie donc, à l'opposé de ceux qui vivent de la politique, c'est-à-dire dont ils dépendent pour vivre. L'analyse des données de la recherche a permis d'identifier des élements importants qui renforcent la première prémisse, mais mettent en question la validité de la seconde. En assurant les moyens d'être dans l'arrangement institutionnel, soit via réélection, à travers la lutte pour d'autre postes, ou encore via la direction de secrétariats et/ou d'autres organismes publics, ces parlementaires construisent aussi les instruments législatifs qui assurent la préservation et l'amplification de leurs intérêts privés et de classe ; comme Claus Offe l'avait indiqué. Donc, en vivant pour la politique, ces politiques vivent aussi de la politique.