Resumo Este trabalho concentra-se nas traduções da obra de E. E. Cummings levadas a cabo da década de 1960 até os anos 2010 pelo poeta-tradutor-crítico Augusto de Campos, destacando como esse longo projeto tradutório, desdobrado em 5 edições (10 poemas, 20 poem(a)s, 40 poem(a)s e duas edições de Poem(a)s), se coaduna com a proposta crítica e pedagógica do movimento de poesia concreta de formar um paideuma de autores referência que norteasse a produção e a recepção de uma nova poiesis voltada para a técnica. Para tanto, as escolhas tradutórias do poeta-tradutor privilegiam, como ele mesmo destaca, o que há de mais inovador na obra do poeta (sua tortografia), seus aspectos formais, obliterando o eixo lírico-amoroso dominante na obra e construindo um cânone doméstico/brasileiro distinto.
Abstract This work focuses on the translations of Cummings' work made by Brazilian poet, critic and translator Augusto de Campos between the 1960s and the 2010s, highlighting how this long-term project (comprehending 5 editions, namely 10 poemas, 20 poem(a)s, 40 poem(a)s and two versions of Poem(a)s) grounds the critical and pedagogical proposal of the concrete poetry movement. The movement aimed at building a paideuma of writers focused on an innovative technique to teach both writers and readers this new poiesis. The translation choices made by Augusto de Campos, thus, privilege, as he acknowledges, Cummings's most innovative traits (and poems), that is, the formal aspects, obliterating the lyrical aspects of Cummings and building a domestic/Brazilian canon for Cummings.