Resumo O artigo apresenta uma análise crítica e propositiva sobre ações de transformação urbana, a partir de registros do trabalho no Brongo do Pau Miúdo, em Salvador, realizado nos anos 1980 por equipe coordenada pelo arquiteto Sylvio Sawaya. Em 2018, nós realizamos uma visita a campo, após retomarmos os métodos de leitura e representação desenvolvidos pela equipe do arquiteto, direcionados a apreender e sintetizar os pactos de convivência e usos do território de modo a incorporá-los no ato de projetar. Para tanto, utilizamos como método a revisão do material produzido pela equipe, além de explorar experiências sobre cartografia social e a leitura antropológica como ferramental complementar para a intervenção urbana. Está organizado em três partes: i) contextualização do processo nos anos 1980; ii) análise sobre processos coletivos no planejamento e no projeto de intervenção urbana em territórios populares; e, iii) reflexão sobre o habitar como forma de resistência política. Assinalamos, por fim, que os princípios e métodos de intervenção urbana mais próximos da prática cotidiana dos moradores parecem apontar para alternativas ao modelo de desenvolvimento excludente, que neutraliza e oculta singularidades e conflitos inerentes aos territórios.
Abstract The paper presents a critical and propositional analysis of actions to transform the urban landscape, based on records of work in Brongo do Pau Miúdo, in Salvador, carried out in the 1980s by a team coordinated by the architect Sylvio Sawaya. In 2018, we carried out a field visit, after resuming reading and representation methods developed by the architect's team, aimed at apprehending and synthesizing the coexistence pacts and use of the territory in order to incorporate them into the act of designing. We used as a method the review of the material produced by the team, in addition to exploring social cartography and anthropological reading as a complementary tool for urban intervention. We have organized it into three parts: i) a contextualization of the process in the 1980s; ii) an analysis of collective processes in planning and designing urban intervention in popular territories; and, iii) a reflection on dwelling as a form of political resistance. Finally, we point out that the principles and methods of urban intervention closer to the daily practice of the residents seem to point to alternatives to the exclusionary development model, which neutralizes and hides singularities and conflicts inherent to the territories.