Este artigo visa contribuir para o debate acerca do papel da educação ambiental ministrada em ambientes costeiros, e para tanto analisa as atividades pedagógicas realizadas numa escola pública do município de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Apresenta-se a metodologia que se aplicou ao ensino de educação socioambiental no projeto Cartografia da Ação e a Juventude em São Gonçalo, projeto esse que, metodologicamente atrelado à cartografia da ação, pôs dois campos científicos (a Geografia e a Sociologia) a interagirem com o fazer pedagógico (beneficiado pelos avanços a que o encaminharam as notáveis contribuições de Paulo Freire). É necessário problematizar a educação ambiental, inserindo este debate na análise dos aspectos sociais das questões de que ela trata, ou seja, na análise das formas de exclusão social presentes nas relações entre a sociedade e a natureza. Cumpre também que se discutam os causadores da poluição, e se envidem esforços para construir percepções e sensibilidades não somente quanto à educação das novas gerações, mas ainda quanto às formas que a poluição assume e aos efeitos territoriais que exerce sobre o cotidiano dos moradores, especialmente nas áreas metropolitanas com acirrada competição pelo uso do solo. Buscou-se, com esta metodologia de ensino, aplicada à escola básica, alterar hábitos, construir percepções e estimular o trabalho coletivo. Um dos resultados do trabalho pedagógico foi que este promoveu a interação entre os saberes dos alunos, os da ciência e os dos pescadores artesanais, concorrendo para revelar problemas, atores e soluções. Outro resultado consistiu em os exercícios de educação socioambiental reforçarem a autoestima dos alunos, notadamente dos muitos que, aparentados com pescadores, viram quanto o trabalho desses parentes seus releva não só para o sustento de famílias, como ainda para a identidade cultural do lugar. Por fim, as atividades pedagógicas também frutificaram pelo trabalho, sugerido aos alunos, de pesquisar, entrevistar e escrever acerca do espaço onde vivem, movendo-os tudo isto a gerar representações em que traziam à tona e exercitavam a sua identidade cultural e os vínculos sociais que eles têm com o seu espaço vivido e concebido: a cidade de São Gonçalo e a Baía de Guanabara.
With the aim of contributing to the debate on how important it is to make sense of the environmental education which is delivered in coastal areas, this article examines the activities conducted at a public school in the city of São Gonçalo, in the Rio de Janeiro Metropolitan Region. The methodology for teaching social-environmental education is presented such as applied by a research project entitled ‘Action Cartography and São Gonçalo Youth’, which, methodologically related to action cartography, puts two scientific disciplines (Geography and Sociology) in interaction with pedagogical practice (as favoured by the advancements that Paulo Freire’s notable contributions have led to). Environmental education needs to be problematised by bringing this debate into the analysis of social aspects of the issues which the discipline approaches, that is, into the analysis of the forms of social exclusion in the relationships between society and nature. There is also a need to discuss the causers of pollution, as well as endeavouring to help to build perceptions and sensitivities as to how new generations should be educated, the different forms that pollution assumes and the territorial consequences that it has on the everyday lives of residents, especially in metropolitan areas undergoing high land-use pressures. The teaching methodology which was applied to primary school sought to change habits, build perceptions, and encourage collective work. One of the results of the pedagogic activities was that they brought about an interaction between such types of knowledge as pupils, science and fishers bear, and that this helped to reveal problems, agents and solutions. Another result was the fact that the exercises in socio-environmental education reinforced the self-steam of pupils, especially of the many who, being related to artisanal fishers, saw how important the work of those relatives of theirs is not only for the maintenance of families but also for local cultural identity. Lastly, the pedagogic work proved fruitful also in activities, proposed to pupils, of making researches, interviews and texts about the space that they live in, all this causing them to produce representations in which they brought out and exercised their cultural identity and the social links that they have with their lived and conceived space: the city of São Gonçalo and the Bay of Guanabara.