O presente artigo tem como objetivo a problematização dos modos pelos quais a tecnologia disciplinar, presente nas medidas socioeducativas de internação direcionadas aos jovens em conflito com a lei, vem sendo operacionalizada. Tomamos como fio condutor as reflexões de Michel Foucault e Giorgio Agamben para problematizar a vida enquanto objeto político a ser governado para determinado fim e que sofre intervenções não apenas para seu fortalecimento, mas que levam à desproteção jurídica e à morte política, ou mesmo biológica. A investigação se desenvolveu em três momentos metodológicos: oitiva de audiências na Vara da Infância e da Juventude, visita a uma unidade educacional de internação e leitura de processos jurídicos e das normativas legais voltadas para a população em questão. Assim, por meio do que encontramos na pesquisa, entende-se que a tecnologia disciplinar, do modo que vem sendo utilizada nas medidas socioeducativas de internação, assemelha-se mais a um dispositivo de controle com o objetivo meramente de docilizá-los, reduzindo o sujeito à vida nua; isto é, como mero corpo biológico que sofre efeitos de uma ação, do que propriamente um método socioeducativo como estabelecem o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo.
This article aims to discuss the ways in which technology disciplinary, present in socio-educational measures targeted at young people who have conflicts with the law, has been operationalized. We take as a guiding principle the considerations of Michel Foucault and Giorgio Agamben to discuss life as a political object to be ruled over for a particular purpose and which suffers not only interventions to strengthen them, but that lead to legal unprotection and political, or even biological, death. The research was developed in three moments: eighth hearing of the Childhood and Youth Judicial Court, visit to an educational unit of internment, and reading of legal cases and legal norms aimed at the population in question. Thus, through what we found in the research, one understands that disciplinary technology, the way it has been used in educational internment measures, resembles more of a control mechanism with the goal of merely pacifying them, reducing the subject to a naked life; that is, as a mere biological body that suffers the effects of an action, rather than an educational method as is established by the Statute of Children and Adolescents and the National System of Educational Assistance.
El presente artículo tiene como objetivo la problematización de los modos por los cuales la tecnología disciplinaria, presente en las medidas socioeducativas de internación dirigidas a los jóvenes en conflicto con la ley, viene siendo operacionalizada. Tomamos como hilo conductor las reflexiones de Michel Foucault y Giorgio Agamben para problematizar la vida como objeto político a ser gobernado para determinado fin y que sufre intervenciones no unicamente para su fortalecimiento, sino que llevan a la desprotección jurídica y a la muerte política, o incluso biológica. La investigación se desarrolló en tres momentos metodológicos: audición de audiencias en la Vara de la Infancia y de la Juventud, visita a una unidad educacional de internación y lectura de procesos jurídicos y de las normativas legales orientadas para la población en cuestión. Así pues, por medio de lo que encontramos en la pesquisa, se entiende que la tecnología disciplinaria, del modo que viene siendo utilizada en las medidas socioeducativas de internación, se asemeja más a un dispositivo de control con el objetivo meramente de tornar dócil al sujeto, reduciéndolo a la vida desnuda; o lo que es lo mismo, como mero cuerpo biológico que sufre efectos de una acción, más que propiamente un método socioeducativo como establecen el Estatuto de los Niños y Adolescentes y el Sistema Nacional de Atención Socioeducativa.